Comissão Europeia antecipa que a inflação atinja um ponto máximo no final deste ano e comece a diminuir já em 2023.
Em contra-ciclo com os restantes países da União Europeia, a economia portuguesa deverá escapar à desaceleração e registar uma subida do PIB na ordem dos 6,6% em 2022, um valor muito superior ao do conjunto dos 27, mas que acaba por diminuir para a longo prazo. De facto, a Comissão Europeia antecipa, para o próximo ano, um crescimento para Portugal de cerca de 0,7% e de 0,3% no bloco europeu.
Só em 2024 é que o cenário parece começar a melhorar, com Portugal a registar um crescimento de 1,7%, um pouco acima do valor antecipado para a zona euro, 1,5%, e para a União Europeia, de 1,6%.
Apesar da diferença mínima, o Orçamento do Estado para 2023 aponta para um crescimento mais contido, cerca de 6,5%, para este ano. Contrariamente, para 2023, o Governo estimava uma evolução de 1,3%, ou seja, quase o dobro do que consta nas previsões da Comissão
“A economia está num ponto de viragem, e depois de um forte crescimento no arranque de 2022, o último trimestre do ano será de contração. Temos alguns meses difíceis à nossa frente”, advertiu Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia, durante a conferência de imprensa dedicada à apresentação das previsões de outono, que decorreu esta sexta-feira.
O quadro negro é, de resto, aplicado à maioria dos Estados-membros, os quais Bruxelas antecipa que enfrentarão um quadro de recessão nos próximos meses, apesar de o efeito acumulado do crescimento nos primeiros meses do ano ter camuflado a realidade económica e até ter motivado uma revisão em alta das previsões de verão.
Contrariamente, os números avançados no nessa mesma circunstância para os próximos dois anos foram revistos em baixa. Ao passo que a projeção do crescimento da União Europeia caiu de 1,5% para metade, a de Portugal foi cortada no mesmo valor.
As mais recentes previsões comunitárias apontam para uma recessão técnica, em função de uma contratação económica no último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023. É ainda expectável que a inflação atinja um ponto máximo no final deste ano e comece a diminuir já em 2023. Os números hoje divulgados estimam uma descida para 9,3% este ano, 7% no próximo e 3% em 2023.
Também aqui a Comissão teve que refazer os seus cálculos, depois de uma subida acima do esperado.