Comissão de revisão constitucional proposta pelo Chega deverá acabar rapidamente

José Sena Goulão / Lusa

A comissão de revisão constitucional proposta pelo Chega vai tomar posse na próxima quinta-feira, mas deverá acabar depressa, uma vez que apenas a Iniciativa Liberal apresentou projeto.

A presidência da comissão cabe ao PS, a primeira vice-presidência ao PSD e a segunda vice-presidência ao PEV. Depois da tomada de posse, a comissão terá de aprovar um regulamento interno. Depois passa-se à discussão dos projetos apresentados.

De acordo com o jornal Público, essa fase deverá ser rápida, uma vez que os dois maiores partidos, o PS e o PSD, não querem prolongar a iniciativa que tem um chumbo anunciado.

Há também a hipótese de o Chega e a Iniciativa Liberal retirarem os seus projetos para não serem levados a votos no âmbito desta comissão. Esta hipótese é admitida pelo partido liderado por João Cotrim Figueiredo. O Chega não irá retirar o seu projeto.

Como não há maioria para os aprovar, os trabalhos da comissão terminam.

Por outro lado, explica o matutino, pode ainda surgir uma outra comissão desencadeada pelo PSD. Os sociais-democratas estão a preparar uma proposta de revisão constitucional que está a ser trabalhada por uma comissão interna presidida por Paulo Mota Pinto e poderão apresentá-la até ao final de julho.

Assim, poderá nascer uma nova comissão de revisão constitucional.

A comissão que toma posse esta quinta-feira foi desencadeada pelo Chega em setembro de 2020, mas o prazo de 30 dias para os partidos poderem apresentar projetos esteve suspenso durante a vigência do estado de emergência e só terminou a 3 de maio.

O projeto do Chega prevê a “pena coerciva de castração química ou física a indivíduos condenados pelos tribunais portugueses por crimes de violação ou abuso sexual de menores, abuso sexual de menores dependentes e actos sexuais com adolescentes” e a “pena de prisão perpétua para crimes especialmente graves, a definir em legislação especial”.

O Chega também pretende estabelecer a eliminação dos limites materiais da revisão da própria Constituição ou a retirada do termo “república” na referência a Portugal.

O partido de André Ventura propôs ainda alterações para tornar o voto obrigatório e a pena acessória de trabalho comunitário para ilícitos criminais especialmente graves.

Por fim, o Chega propõe um regime presidencialista, colocando-se a chefia do Governo nas mãos do Presidente.

O projeto da Iniciativa Liberal prevê a retirada da referência “caminho para uma sociedade socialista” que consta no preâmbulo e acrescentar que o direito à greve não pode impedir o trabalho de quem o queira exercer.  O partido propõe ainda a consagração da saúde privada e social e do ensino particular e cooperativo na Constituição para permitir a “liberdade de escolha” dos cidadãos.

Maria Campos, ZAP //

 

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