Os maus hábitos alimentares e a manifestação da depressão estão relacionados, segundo uma análise intensa de dezenas de estudos sobre a ligação entre a dieta e a doença.
Um estudo recente, publicado na revista Molecular Psychiatry, é o resultado de uma análise de 41 trabalhos de investigação sobre a relação da alimentação com a depressão.
Desta forma, os cientistas envolvidos neste estudo concluíram que quem adota uma dieta mediterrânea tem um risco de ter uma depressão muito inferior – devido à abundância de peixe, vegetais e fruta -, da mesma forma que quem ingere regularmente junk food vê esse risco aumentar significativamente.
“Uma dieta pró-inflamatória pode induzir inflamação sistémica e isto pode aumentar diretamente o risco de depressão”, explica a principal autora, Camille Lassale, citada pela Visão.
Com isto, a investigadora quer dizer que o facto de os alimentos serem processados, assim como terem grandes quantidades de gordura ou açúcar, leva a processos inflamatórios nos intestinos e em todo o organismo, à semelhança do que acontece com o tabaco, a poluição, a falta de exercício ou a obesidade.
Quando se torna crónica, esta inflamação sistémica “pode afetar a saúde mental ao transportar até ao cérebro moléculas pró-inflamatórias e também pode afetar os neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor”, detalha a investigadora do departamento de epidemiologia e saúde pública da University College London.
Ainda assim, os cientistas ressalvam que a conclusão não pode ser explicara por um maior consumo de comida de plástico por parte das pessoas deprimidas. Em vez disso, sublinham uma provável ligação causal – e não apenas uma associação – entre a alimentação e o problema de saúde mental.
Esta conclusão não espante o especialista Cosmo Hallstrom, que defende que a química do intestino é muito semelhante à química do cérebro. “Portanto, não é surpreendente que o que influencia o intestino possa influenciar também o cérebro.”
Acredita-se que um em cada seis adultos no Reino Unido sofra de depressão, refere o jornal The Guardian. Tasnime Akbaraly, investigador e co-autor da pesquisa, adianta que “estudos recentes mostraram também efeitos benéficos da melhora na dieta no que diz respeito à depressão”, havendo agora fortes argumentos a favor da dieta como a corrente principal na medicina psiquiátrica.
“As nossas nossas descobertas apoiam o aconselhamento dietético de rotina como parte integrante de uma consulta, especialmente com profissionais de saúde mental”, sustenta.