Comerciantes de Fátima venderam mais guarda-chuvas que artigos religiosos

Daniel Rocal / Flickr

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Os comerciantes de Fátima queixaram-se este domingo de que venderam mais guarda-chuvas e capas impermeáveis do que artigos religiosos, devido à chuva intensa que se fez sentir na cidade, a poucas horas do início da peregrinação de 12 e 13 de outubro.

“Tem-se vendido mais guarda-chuvas e capas impermeáveis que outras coisas”, disse à agência Lusa Sandra Campos, de 36 anos, sentada numa cadeira na loja enquanto espera por clientes.

A comerciante adiantou que os peregrinos pedem “guarda-chuvas, capas impermeáveis e casacos de inverno”, porque vêm “desprevenidos”.

Quanto aos artigos religiosos, do estabelecimento, a cerca de 50 metros do santuário, “saem coisas pequenas e baratas“, referiu, considerando que o “tempo desagradável é mau para os peregrinos e para o negócio”.

“Os peregrinos abrigam-se e não andam na rua”, acrescentou.

Na mesma rua, numa outra loja, uma empregada assegurou que hoje, “por causa da chuva, vende-se mais guarda-chuvas que imagens religiosas”.

Não é a regra, mas hoje é“, declarou a funcionária.

E se muitos comerciantes ainda acalentavam amealhar mais algum dinheiro com a última grande peregrinação do ano ao Santuário de Fátima, a chuva encarregou-se de deitar as esperanças por terra.

“O negócio não tem corrido bem e, com esta chuva, ainda pior”, considerou Maria de Fátima, de 56 anos, assegurando que “se tem vendido pouco”, pois “as pessoas não têm dinheiro“.

Fernanda Silva, de 67 anos, outra comerciante, informou que até meias os peregrinos procuram.

“O que está a sair são as coisas para proteger da chuva. Os peregrinos, que vêm de chinelos, procuram também sapatos”, referiu, assegurando que as designadas recordações de Fátima se “vendem pouco”.

Desafiada a fazer um balanço do verão, Fernanda Silva não tem dúvidas que “foi pior que noutros anos”, pois as pessoas preferem lembranças de “um euro, euro e meio”.

“É porta sim, porta sim”, observou a comerciante numa alusão ao número de estabelecimentos de artigos religiosos em Fátima.

Ainda mais o vento a ajudar

Também os peregrinos se queixam da chuva, mas afiançam que, faça chuva ou faça sol, a presença nas celebrações é religiosa.

“A gente vem por devoção. Nada trava a devoção, nem a chuva”, justificou Maria Helena, de 67 anos, do Sabugal, que acabara de comprar um impermeável, destacando que “o dinheiro é gasto nisto”.

Do mesmo grupo, Maria da Ascensão, de 51 anos, que veste blusão com gorro, explicou que os guarda-chuvas que trouxeram “já estão no caixote do lixo por causa do vento“.

O distrito de Santarém está sob aviso laranja devido à precipitação, prevendo-se períodos de chuva ou aguaceiros por vezes fortes e acompanhados de trovoada.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera admite ainda a possibilidade de ocorrência de fenómenos extremos de vento.

Milhares de fiéis são esperados esta segunda-feira no Santuário de Fátima na peregrinação internacional de outubro, presidida pelo arcebispo de Goa e Damão, na Índia, Filipe Néri Ferrão.

As celebrações começaram este domingo, às 18:30, na Capelinha das Aparições, e terminam esta segunda-feira, com a missa, bênção dos doentes e procissão do adeus, em que se assinala, pela primeira vez, o Dia Nacional do Peregrino.

/Lusa

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