Comer sozinho faz mal ao coração? Sim, e não é pela sensação de abandono

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Nimka91 / Pixabay

Estudos anteriores já tinham chegado à conclusão que, com o passar da idade, as mulheres ficam mais vulneráveis a doenças cardiovasculares (DCV). Agora, uma nova pesquisa mostra um novo fator que pode elevar este risco: fazer refeições sozinhas.

O estudo sugere que comer cozinho pode contribuir para um maior risco de doenças cardíacas em mulheres mais velhas. Os resultados foram publicados na Menopause, a revista da The North American Menopause Society (NAMS).

Com o objetivo de reduzir a incidência de DCV, tem havido uma crescente consciencialização sobre hábitos alimentares saudáveis. Contudo, a importância de ter um companheiro de alimentação tem sido amplamente negligenciada em pesquisas anteriores.

Várias mudanças na sociedade têm feito com que as pessoas passem mais tempo sozinhas e acabem por fazer as suas refeições sem companhia. Uma das causas deste isolamento deveu-se em grande parte à pandemia de covid-19 e à consequente normalização da utilização das plataformas de serviço de entrega de comida, escreve o MedicalXpress.

Com mais pessoas a comer sozinhas, a equipa de especialistas revelou várias preocupações com a saúde das pessoas. Um estudo anterior mostrou que comer sozinho com mais frequência está associado a um risco maior de obesidade abdominal e pressão arterial elevada. Isto porque quando comem sozinhas, as pessoas tendem a comer mais rápido, o que geralmente leva a aumentos no índice de massa corporal, pressão arterial e níveis de lipídios no sangue – os quais podem aumentar o risco de síndrome metabólica e DCV.

Por outro lado, comer sozinho também pode afetar a saúde mental, tendo já sido relatado como um fator de risco para a depressão – que também está relacionado a um risco de DCV.

Neste estudo, os investigadores fizeram uma pesquisa que envolveu quase 600 mulheres que se encontram na menopausa e têm mais de 65 anos. O objetivo foi comparar comportamentos de saúde e estado nutricional entre mulheres mais velhas que comem sozinhas e outras que, por norma, fazem as suas refeições acompanhadas.

Com base nos resultados do estudo, os especialistas concluíram que as mulheres mais velhas que comiam sozinhas tinham um conhecimento nutricional e ingestão mais pobres. Estas mulheres revelaram ter uma menor ingestão de energia, carboidratos, fibra alimentar, sódio e potássio do que aquelas que comiam com outras pessoas.

Além disso, o estudo mostra que as mulheres idosas que comem sozinhas têm 2,58 vezes mais probabilidade de ter angina, um tipo de dor no peito causada pela redução do fluxo sanguíneo para o coração e um sintoma de doença arterial coronariana.

“Este estudo mostra que as mulheres mais velhas que comem sozinhas têm maior probabilidade de ter doenças cardíacas sintomáticas. Também é mais provável que sejam viúvas e que tenham uma alimentação pobre. Estes resultados não são surpreendentes, dado que o estatuto socioeconómico mais baixo e o isolamento social contribuem para reduzir a qualidade de vida, aumentar as taxas de depressão e piorar a saúde”, rematou Stephanie Faubion, diretora médica da NAMS.

ZAP //

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4 Comments

  1. Está aí um bom artigo para as minhas técnicas de engate. A partir de agora vou socorrer-me deste artigo para fazer companhia a todas as giraças que eu vir a comer sozinhas por esse mundo fora. Tudo pelo bem da saúde delas 😉

  2. Parece-me algo lógico que comer sozinho seja prejudicial a nível mental e também físico. Mas há aqui uma frase que não consigo perceber: “Também são mais propensas a ficar viúvas e ter uma ingestão nutricional mais pobre.” – Será uma gafe/erro de tradução, ou devemos pensar que se as mulheres comerem sozinhas são os maridos que morrem primeiro? Isto não faz qualquer sentido.

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