Já pode comer o cogumelo mais fatal do mundo — e sobreviver

pahphotos / Flickr

Amanita phalloides, o “chapéu da morte”

Cientistas podem ter descoberto um antídoto para aquele que é conhecido como o cogumelo mais fatal do mundo, responsável por 90% dos envenenamentos por cogumelos.

Cogumelo da morte, chapéu-da-morte ou rebenta-bois são nomes, por si só, sugestivos do seu potencial. Amanita phalloides é considerado o cogumelo mais fatal do mundo e não precisa de ir muito longe para o encontrar, já que a espécie é originária da Europa. Pode normalmente encontrá-la junto de carvalhos, nogueiras e coníferas.

As toxinas deste cogumelo atacam o fígado e rins e provocam muitos danos, frequentemente irreversíveis, antes do aparecimento dos primeiros sintomas. O único tratamento possível na maioria dos casos é um transplante de fígado. Calcula-se que apenas 50g sejam suficientes para provocar a morte de um ser humano, e que a espécie seja responsável por 90% dos envenenamentos por cogumelos anuais.

Atualmente não há nenhum antídoto para ele, mas isso pode estar prestes a mudar. Uma equipa de cientistas descobriu um possível antídoto para a toxina do cogumelo. O salvador poderá ser um químico chamado indocianina verde.

Indocianina verde é um tipo de corante fluorescente. É um composto aprovado pela FDA desde a década de 1950 e tem sido amplamente utilizado como ferramenta de diagnóstico em testes de função hepática. Os resultados foram publicados esta semana na revista científica Nature Communications.

O químico ataca a toxina α-amanitina, que “é realmente um dos compostos mais perigosos que temos na natureza”, disse Helge Bode, químico do Instituto Max Planck de Microbiologia Terrestre, Helge Bode, à Scientific American.

A equipa de investigadores utilizaram um método que foi usado há alguns anos para encontrar um antídoto para o veneno das alforrecas. Neste novo estudo, os autores testaram quais as mutações que ajudavam as células a sobreviver à exposição à α-amanitina.

Os resultados mostraram que as células que não têm uma versão funcional de uma enzima chamada STT3B são capazes de sobreviver à α-amanitina. A interrupção desta via impede, de alguma forma, a entrada da α-amanitina nas células, impedindo que a toxina cause estragos.

“A nossa investigação inovadora abordou uma questão crucial com resultados notáveis”, disse Qiaoping Wang ao Inverse. A molécula encontrada pode potencialmente servir como antídoto para a toxina mais letal do cogumelo.

Também conhecido como verde de indocianina, o composto foi mais eficaz quando administrado quatro horas após o envenenamento e não foi muito eficaz quando administrado oito ou doze horas após a exposição à toxina. Além disso, o antídoto ainda só foi testado em ratos, pelo que pode não funcionar de igual forma em humanos.

Daniel Costa, ZAP //

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