Combustíveis desceram. Mas em 2022 os portugueses já pagaram mais 2 mil milhões

Redução verificada nesta segunda-feira não suaviza muito as subidas deste ano, sobretudo nas últimas semanas.

Os preços do litro de gasolina e gasóleo desceram de forma significativa nesta segunda-feira: queda de 13 cêntimos da gasolina e de 17 cêntimos do gasóleo.

“Isto não é uma descida. Isto continua a ser uma grande subida neste ano”, comentou um condutor de um veículo, em declarações recolhidas nesta manhã pela rádio Renascença.

A contabilidade feita por Eugénio Rosa dá um novo argumento a esse condutor. Ao jornal Sol, o economista apresentou as contas: estamos ainda em Março mas, desde o início deste ano, os portugueses já pagaram quase mais dois mil milhões de euros ao colocar combustível no depósito do carro.

Mais concretamente, são 1.986 milhões de euros a mais, comparando com os preços que as estações apresentavam em Janeiro de 2022. Quase 986 milhões de euros seguiram para as empresas e 996 milhões ficaram para o Estado.

“O Governo continua a recusar controlar os preços”, critica o economista, que prolonga as críticas para as palavras de João Pedro Matos Fernandes.

O ministro do Ambiente afirmou que não consegue estabelecer limites nas margens de comercialização das petrolíferas, mas acusou as empresas de estabelecerem entendimentos entre elas, nos preçários.

“É uma prova da submissão do Governo aos grupos económicos e já uma consequência da arrogância de um governo de maioria absoluta que se vê como não tem de prestar contas aos portugueses”, comentou o especialista.

Eugénio Rosa também olhou para o estrangeiro e disse que, a nível económico, os dois países que beneficiam mais com a guerra na Ucrânia são os Estados Unidos da América e a Rússia. Aliás, de acordo com o especialista, os norte-americanos querem que os países europeus passem a depender mais dos EUA do que da Rússia.

“Para isso era importante engendrar um pretexto para que o autocrata russo desencadeasse uma guerra que levasse a Europa e outros países a proibir as relações comerciais com a Rússia, eliminando assim este forte concorrente e provocando um significativo aumento dos preços do barril de petróleo e do gás nos mercados internacionais, tornando altamente rentável as empresas americanas deste setor, criando as condições para o seu florescimento”, analisou.