Combinação de tecnologias permite visualizar melhor artefactos antigos

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Especialistas desenvolveram novas formas de representação visual de objetos antigos, tais como ferramentas de pedra e fósseis, através de tecnologias apenas utilizadas em jogos de vídeo e computação gráfica.

As técnicas permitirão a qualquer pessoa produzir imagens e modelos de alta qualidade com o mínimo esforço e custo, segundo a Phys Org.

A capacidade de representar visualmente artefactos, quer sejam inorgânicos como pedra, cerâmica e metal, ou orgânicos como osso e material vegetal, sempre foi de grande importância para o campo da antropologia e arqueologia.

Para investigadores, docentes, estudantes e público em geral, a capacidade de ver o passado, e não apenas de ler sobre ele, permite uma melhor compreensão do mesmo, nomeadamente sobre a produção de materiais culturais e sobre as populações que os fizeram e utilizaram.

A fotografia digital é o método de representação visual mais utilizado, mas apesar da sua rapidez e eficiência, muitas vezes não representa de uma forma exata o artefacto que está a ser estudado.

Nos últimos anos, a digitalização em 3D surgiu como uma fonte alternativa de visualizações de alta qualidade, mas o custo do equipamento e o tempo necessário para produzir um modelo muitas vezes prejudicam.

Especialistas desenvolveram dois novos métodos para conseguir visualizações de alta resolução de pequenos artefactos, cada um deles com software e equipamento básico. Os resultados foram publicados a 15 de abril na PLoS ONE.

O primeiro método, Small Object and Artifact Photography (SOAP), trata da aplicação fotográfica de técnicas digitais modernas.

O protocolo guia os utilizadores através da fotografia de pequenos objetos e artefactos, desde a instalação inicial do equipamento, até aos melhores métodos de manuseamento e funcionalidade da câmara e software de pós-processamento.

O segundo método, High Resolution Photogrammetry (HRP), é utilizado para a captura fotográfica, reconstrução digital e modelos tridimensionais de pequenos objetos ou artefactos.

Este método visa dar um guia abrangente para o desenvolvimento de modelos 3D de alta resolução, fundindo técnicas bem conhecidas utilizadas em campos académicos de computação gráfica, permitindo a qualquer pessoa produzir independentemente modelos de alta resolução.

“Estes novos protocolos combinam fluxos de trabalho detalhados, concisos e de fácil utilização, cobrindo a aquisição e processamento fotográfico, e contribuindo assim para replicar de visualizações de alta qualidade”, afirma Jacopo Niccolò Cerasoni, autor principal do estudo.

“Ao explicar claramente cada passo do processo, incluindo considerações teóricas e práticas, estes métodos permitirão aos utilizadores produzir visualizações bidimensionais e tridimensionais de alta qualidade, independentemente dos artefactos arqueológicos”, acrescenta o investigador.

Os protocolos SOAP e HRP foram desenvolvidos através do Adobe Camera Raw, Adobe Photoshop, RawDigger, DxO Photolab, e RealityCapture.

Aproveitam as funções e ferramentas que tornam a captura e processamento de imagens mais fácil e rápido.

Embora a maioria deste software esteja prontamente disponível em ambientes académicos, SOAP e HRP podem ser aplicados a qualquer outro software não baseado em assinaturas com características semelhantes.

Isto permite aos investigadores utilizar também software gratuito ou de acesso livre, embora com pequenas alterações em alguns dos passos apresentados.

“Porque a comunicação visual é tão importante para compreender o comportamento, tecnologia e cultura passados, a capacidade de representar de forma precisa os artefactos é vital para o campo da arqueologia“, nota Felipe do Nascimento Rodrigues, co-autor do estudo.

Mesmo quando as novas tecnologias revolucionam o campo da arqueologia, falta instrução prática sobre fotografia arqueológica e reconstruções tridimensionais.

Os autores do novo estudo esperam preencher esta lacuna, fornecendo aos investigadores, docentes e entusiastas instruções passo a passo para a criação de visualizações de alta qualidade de artefactos.

Alice Carqueja, ZAP //

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