Com bons ventos dos EUA e números de novembro, BCE desacelera subida das taxas de juro

Ronald Wittek / EPA

A presidente do BCE, Christine Lagarde.

Os dados mais recentes da inflação parecem evidenciar uma tendência de abrandamento, com novembro a trazer a primeira descida dos últimos 17 meses.

Os sinais recentes de abrandamento da inflação na Europa e nos Estados Unidos não foram suficientes para o Banco Central Europeu repensar a estratégia de subida das taxas de juro para combater a escalada dos preços, pelo que a expectativa é que da reunião de hoje da instituição resulte mais uma subida das taxas de juro de referência, desta feita em 0,5 pontos percentuais.

A confirmar-se, a taxa de juro de refinanciamento, a que é paga pelos bancos quando recorrem às linhas normais de crédito do BCE, deverá subir dos atuais 2% para 2,5%. Tal deverá resultar num agravamento dos custos para particulares ou empresas, o que deverá acontecer rapidamente graças à subida das taxas Euribor, que servem de indexante na grande maioria dos créditos em Portugal.

Considerando todos estes fatores, torna-se mais evidente (e real) o risco de recessão na economia europeia (e portuguesa), pelos que muitos se questionam se o BCE deverá mesmo continuar a insistir na estratégia.

Tal como destaca o Público, os dados da inflação parecem evidenciar uma tendência de abrandamento, com novembro a trazer a primeira descida dos últimos 17 meses — baseada, sobretudo, na baixa nos preços dos combustíveis, que dispararam no início da guerra na Ucrânia. A perspetiva é que se mantenha assim nos próximos tempos, facilitando a descida da taxa de inflação homóloga, já que neste momento os preços do petróleo estão inferiores aos que estavam antes da guerra na Ucrânia ter começado.

Numa mostra de que é sensível a estas movimentações, os responsáveis do BCE decidiram reduzir o ritmo da subida das taxas de juro, já que nas últimas reuniões tinham optado por um agravamento de 0,75 pontos percentuais.

O que não parece estar nas opções é uma declaração de vitória, apesar dos sinais positivos. Primeiramente, porque apesar da descida uma inflação nos 10% continua muito distante dos 2% — a meta estabelecida a longo prazo. Por outro lado, mantém-se a preocupação de que os agentes económicos possam vir a ter comportamentos que prolonguem as subidas dos preços.

A longo prazo, o objetivo parece ser colocar as taxas de juro a um nível um pouco mais elevado e depois mantê-las inalteradas por um período de tempo, uma vez que a batalha contra a inflação se adivinha longa.

Do outro lado do oceano, os sinais também são positivos. Também a Reserva Federal norte-americana se decidiu por uma subida mais comedida das taxas de juro, após aumentos sucessivos de 0,75 pontos percentuais, que culminaram numa subida total de 3,75 pontos. Desta feita, a atualização será de 0,5 pontos, o que coloca a taxa num intervalo entre os 4,25% e os 4,5%. Jarome Powell explicou que o organismo que lidera “está muito atento aos riscos de inflação”, afirmando que as subidas das taxas de juro.

ZAP //

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