Situada na ilha Aux Couchons, no Sul do oceano Índico, a maior reserva de pinguins-rei era constituída por 500 mil casais nos anos 80. Hoje, são apenas 60 mil.
Nos últimos 35 anos, a maior reserva de pinguins-rei (Aptenodytes patagonicus) diminuiu 88%. Esta reserva situa-se na ilha Aux Couchons, no Sul do oceano Índico.
Esta ilha tem uma áres de apenas 67 quilómetros quadrado e é uma das três ilhas do quase inacessível arquipélago de Crozet, parte dos territórios austrais franceses, que é reserva natural desde 1938. Quando a colónia de pinguins-rei foi descoberta, em 1962, foi automaticamente distinguida como a maior colónia da espécie do mundo.
A partir das fotografias tiradas na altura, estimou-se que a colónia fosse constituída por 300 mil casais. Nos anos 80, a colónia aumentou para 500 mil, mas hoje, e com base nas imagens de alta resolução captadas no ano passado, o número de casais desta espécie é de apenas 60 mil, avança o jornal Público.
Henri Weimerskirch, um dos autores principais do estudo e ecologista no Centro de Estudos Biológicos de Chize, refere que esta descoberta foi “completamente inesperada“, além de ser “particularmente significativa“, dado que a colónia representa um terço de todos os pinguins-rei de todo o mundo.
De acordo com o Science Daily, as imagens captadas por um satélite apontavam para um aumento do número de casais nos anos 80. Ao todo, estimava-se que a colónia era constituída por mais de dois milhões de pinguins-rei.
Os dados sugerem que o número de casais tenha começado a diminuir no ano de 1990, anos que coincidiu com o aumento da temperatura das águas do oceano Índico, e que empurrou involuntariamente peixes e lulas para longe do arquipélago – estes animais são a base de alimentação destes pinguins.
Segundo o artigo científico, publicado recentemente na Antarctic Science, este fenómeno afetou “negativamente as capacidades de alimentação” dos pinguins na ilha De La Possession, a 100 quilómetros da ilha Aux Couchons, e os especialistas afirmam que os pinguins-rei de Aux Couchons também foram afetados.
Além do decréscimo da população, esta problemática traduziu-se também num fraco sucesso reprodutivo para todos os pinguins-rei da região.
Esta pode ser uma das explicações, mas os cientistas descrevem ainda outros fenómenos como causa deste decréscimo brusco, como o facto de, em 2005, ter sido identificada uma nova colónia, mais pequena e mais próxima da praia, que não existia em 1962.
No entanto, não parece haver qualquer ligação entre o aparecimento da nova colónia e o desaparecimento de um número tão grande de indivíduos da colónia mais antiga.
Outra das razões apontadas pelos especialistas prende-se com as doenças e parasitas. Contudo, é necessária mais investigação no que diz respeito a esta temática. Investigação e conclusões que se tornam cruciais, isto porque o declínio desta população “ainda está a acontecer” e as causas “parecem estar ativas”, lê-se no artigo científico.