Colômbia tem presidente de esquerda, pela primeira vez

Mauricio Duenas Castaneda / EPA

Gustavo Petro e Francia Márquez, presidente e vice-presidente da Colômbia

Gustavo Petro será o presidente. Domingo foi dia de estreias: primeiro líder de esquerda e primeira vice-presidente negra. Há quatro desafios para Pedro.

Pela primeira vez, houve união entre esquerda e centro-esquerda na Colômbia. As ideias de paz e a reconciliação venceram os planos de pragmatismo e crescimento económico. Foram necessários 40 anos de carreira política. E, à terceira tentativa, Gustavo Petro venceu.

Petro ganhou nas eleições presidenciais deste domingo na Colômbia e torna-se assim no primeiro presidente de esquerda no país da América do Sul.

O presidente eleito já se tinha candidatado duas vezes às eleições presidenciais. Só venceu desta vez, com 50,44% dos votos na segunda volta, contra 47,31% do derrotado Rodolfo Hernández.

As estreias não se ficam por aqui: Francia Márquez vai ser vice-presidente e assim será a primeira vice-presidente negra na História da Colômbia.

“Hoje é dia de festa para o povo. Que festeje a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos sejam amortecidos pela alegria que inunda o coração da pátria. Esta vitória é para Deus e para o povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e das praças“, reagiu o presidente eleito, no Twitter.

Do outro lado, Rodolfo Hernández reconheceu a derrota e deixou um desejo: “Que o doutor Gustavo Petro saiba conduzir o país, que seja fiel ao seu discurso contra a corrupção e que não decepcione aqueles que confiaram nele”, completou o ‘Trump da Colômbia’.

Quatro prioridades

Mais tarde, Gustavo Petro centrou-se num assunto: a transição energética, para combater as alterações climáticas. Quer que o seu país esteja “na vanguarda mundial no combate às mudanças climáticas”.

E dirigiu-se logo a Joe Biden, sugerindo que os Estados Unidos da América colaborassem na “construção de uma economia descarbonizada” em toda a América.

Petro será o sucessor de Iván Duque a partir de Agosto e terá quatro desafios principais pela frente, segundo a BBC. E um deles é precisamente focado no ambiente: travar a produção de petróleo e de carvão, promover as energias renováveis e implementar uma reforma agrária.

Outra preocupação é mostrar que o guerrilheiro já ficou no passado. Há 40 anos, Gustavo Petro era combatente do grupo armado M-19. Foi preso e torturado, nessa altura.

O futuro presidente quer também centrar-se nos “invisíveis”, ou seja, nos negros, indígenas e mais pobres. A inclusão foi assunto destacado pela estreante Francia Márquez.

O último grande desafio é a nível externo: recuperar uma boa relação diplomática com a Venezuela.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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