Um manifestante dos “coletes amarelos” perdeu a mão, arrancada durante os protestos deste sábado em Paris, depois de as forças de segurança terem lançado uma granada para dispersar a multidão.
Segundo as autoridades, citadas pela agência AFP, o ferido encontrava-se na altura em frente à Assembleia Nacional, palco de confrontos com a polícia francesa numa manifestação que até então se desenrolava sem maiores incidentes.
Os médicos presentes no terreno identificaram a mão arrancada, cena que é também visível em imagens divulgadas pelo canal russo RT. Baptizado de “Acto 13”, o protesto deste sábado dos “coletes amarelos” começou às 10h30 em Paris, em frente ao Arco do Triunfo.
De acordo com Cyprien Royer, uma testemunha que filmou a cena, o manifestante ficou sem a mão direita, arrancada por uma “granada” especial usada para dispersar manifestantes, lançada pela polícia quando os “coletes amarelos” tentavam destruir as barreiras de segurança que protegem a entrada da Assembleia Nacional.
Royer diz que a vítima é um fotógrafo dos “coletes amarelos” que estava a tirar fotografias das pessoas que empurravam as grades que protegiam a entrada do Parlamento.
“Quando os policias quiseram dispersar a multidão, foi atingido com uma granada de dispersão na barriga da perna, e quis dar-lhe um golpe com a mão para que não explodisse na perna, mas, quando tocou nela, a granada explodiu“, contou a testemunha.
“Nós colocamo-lo de lado e chamamos os ‘street-medics‘. Foi feio. Ele gritava com dores. Não tinha nenhum dedo. Não sobrou quase nada depois do pulso”, afirmou Royer. A Polícia local confirmou que um manifestante “ficou ferido na mão” e foi auxiliado pelos bombeiros, sem dar mais detalhes.
Esta é a 13ª manifestação desde o início do movimento, agora enfraquecido depois de três meses nas ruas. Nos últimos dois sábados, a presença foi menor. Segundo o Ministério francês do Interior, 58.600 pessoas compareceram nos protestos este sábado. O movimento rejeita esse número e fala em 116.000 manifestantes.
Em Paris, centenas de pessoas chegaram aos Champs-Élysées esta manhã, de onde seguiriam para a Torre Eiffel. “Não podemos render-nos. Temos que ganhar para ter mais justiça social e fiscal neste país”, afirmou Serge Mairesse, um reformado que levava um cartaz a reivindicar o regresso do imposto sobre fortunas – taxa substancialmente reduzida pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
“Este movimento expressa a autêntica raiva social neste país, as pessoas que nunca são ouvidas”, afirma este homem de 63 anos, que participa na sua 11ª manifestação desde o início da onda de protestos, em novembro passado.
Segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira, dois em cada três franceses apoiam o movimento. Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a polícia. Os ativistas acusam os agentes de terem usado balas de borracha contra a multidão, deixando vários feridos. Dois veículos blindados da Gendarmeria estavam estacionados em frente ao Arco de Triunfo, que foi atacado pelos manifestantes em 1º de dezembro.
O movimento está ainda a provocar um importante conflito diplomático entre França e Itália, depois de Luigi Di Magio, líder do Movimento 5 Estrelas e número 2 do governo italiano, se ter reunido, na última terça-feira, com Christophe Chalençon, um dos líderes dos “coletes amarelos”.
// RFI
Quem vai à guerra…