Cogumelo europeu mortal reproduz-se sem parceiro na Califórnia

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Alicja / Wikipedia

Cogumelo Amanita Phalloides

Um estudo internacional revela que o cogumelo europeu Amanita phalloides é capaz de se reproduzir sem parceiro na Califórnia.

O cogumelo mortal da espécie Amanita phalloides é originário da Europa, mas foi introduzido inadvertidamente nos Estados Unidos da América (EUA), onde se tem expandido, sobretudo na Costa Oeste.

O novo estudo, que dá a conhecer a estranha vida sexual deste cogumelo europeu na Califórnia e ajuda a explicar a rápida disseminação do fungo, foi recentemente  publicado na Nature Communications.

Os investigadores sugerem que a unissexualidade pode estar na origem da rápida disseminação da espécie na região.

“A capacidade de se auto fertilizar pode ser uma vantagem quando se chega a um novo habitat onde não há parceiros compatíveis”, nota Susana Gonçalves, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e co-autora do artigo científico.

“O estudo permitiu identificar que o fungo é capaz de se reproduzir sem parceiro, auto fertilizando-se, um tipo invulgar de reprodução sexual em fungos que raramente foi observado fora do laboratório“, revela a autora principal do artigo, Anne Pringle , investigadora da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA.

“Esta espécie reproduz-se normalmente de forma bissexuada: as estruturas subterrâneas, o micélio, de dois indivíduos distintos compatíveis fundem-se e produzem cogumelos que contêm ADN de ambos os indivíduos”, acrescenta a investigadora.

Este tipo de reprodução ainda acontece na Europa. A equipa de investigadores sequenciou o ADN de cogumelos da Europa, incluindo várias populações de Portugal, e descobriu que continham dois conjuntos de material genético, um de cada progenitor.

No entanto, na Califórnia, onde os cogumelos desta espécie foram observados pela primeira vez no início do século XX, o fungo parece estar a fazer algo bastante diferente.

“O ADN de alguns cogumelos da Califórnia continha apenas um conjunto de material genético, indicando que cada um tinha surgido a partir de um único indivíduo”, diz Anne Pringle.

A forma como o faz não é muito clara, observam os autores do estudo, que sugerem que  o Amanita phalloides de alguma forma contorna os controlos genéticos que garantem que os cogumelos só são produzidos depois de dois indivíduos se terem fundido.

O  próximo passo da equipa, adianta Susana Gonçalves, é agora é saber se outras espécies invasoras de fungos estão a usar estratégias semelhantes na natureza.

ZAP // U.Coimbra

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