Cogumelo com dentes, tubarão fantasma, piranha vegetariana. Espécies bizarras descobertas em 2024

// New Line Cinema; A.D. / Wikipedia

Exemplar de Myloplus sauron com o Olho de Sauron em fundo

Até ao ano passado, os cientistas estimam que descobrimos cerca de 10% das espécies existentes na Terra. E em 2024 conhecemos algumas espécies surpreendentes.

“Os cientistas estimam que identificámos apenas um décimo de todas as espécies da Terra”, diz Shannon Bennett, chefe de ciência da Academia de Ciências da Califórnia, num comunicado a que a CNN teve acesso.

“Embora seja fundamental proteger as espécies ameaçadas conhecidas, devemos também afetar recursos à identificação de espécies desconhecidas que podem ser igualmente importantes para o funcionamento de um ecossistema”, escreveu ainda.

Em 2024, foram registadas 138 novas espécies. 32 são peixes. Um dos destaques foi um cavalo-marinho pigmeu chamado Cylix nkosi.

O parente do cavalo-marinho foi originalmente encontrado em 2021 nas águas temperadas frias que rodeiam a Ilha do Norte da Nova Zelândia, mas a espécie descrita este ano foi descoberta nas águas subtropicais ao largo da África do Sul, expandindo a gama conhecida deste grupo para o Oceano Índico.

“Os recifes sul-africanos apresentam condições de mergulho notoriamente difíceis, com mau tempo e ondas intensas e agitadas — sabíamos que só tínhamos um mergulho para a encontrar“, escreveu o fotógrafo subaquático e biólogo marinho Richard Smith noutro comunicado. E encontraram.

“Esta espécie é também bastante críptica, do tamanho de um tee de golfe, mas felizmente avistámos uma fêmea camuflada contra algumas esponjas a cerca de uma milha da costa, no fundo arenoso do oceano.”

O Museu de História Natural de Londres foi um dos grandes responsáveis pela descoberta de novas espécies. Terá feito 190 novas descobertas de animais vivos e fossilizados, incluindo 11 novas espécies de traças, oito caranguejos, quatro ratos e quatro cobras.

E algumas descobertas têm uma dose de insólito. Por exemplo, uma das espécies de traça de um género chamado Hemiceratoides, de Madagáscar, alimenta-se bebendo as lágrimas de pássaros adormecidos, enquanto outra espécie de traça, Carmenta brachyclado, foi encontrada a esvoaçar contra uma janela numa sala de estar no País de Gales, apesar de ser originária da Guiana.

A traça ficou presa na bagageira de uma fotógrafa que, sem querer, trouxe o inseto da América do Sul para a sua casa no País de Gales, onde emergiu. A sua filha, a ecologista Daisy Cadet, reconheceu a criatura como algo invulgar e contactou o Museu de História Natural de Londres.

Há ainda outros casos bizarros, como o de uma piranha vegetariana a que se deu o nome Myloplus sauron do rio Xingu, no Brasil, numa homenagemao olho de Sauron do livro “Senhor dos Anéis”, com quem a espécie tinha semelhanças, segundo os investigadores.

“A razão pela qual lhe demos este nome foi realmente óbvia, porque este peixe tem a forma de um disco e uma fina barra vertical ao longo do corpo, que se assemelha a um olho”, disse Rupert Collins, curador de peixes do museu.

Além disso, em 2024, os cientistas documentaram um molusco misterioso nas profundezas do oceano, um tubarão fantasma, um peixe com cabeça de bolha e um tipo de rato semi-aquático.

O inglês Royal Botanic Gardens, Kew  também assina várias descobertas — 149. Uma delas trata-se do Phellodon castaneoleucus, um fungo que tem estruturas semelhantes a dentes em vez das típicas guelras.

E não é só o tubarão que é fantasma: também se descobriu uma palmeira fantasma, com um caule cinzento e a parte inferior branca.

O Royal Botanic Gardens descobriu também uma família enigmática de plantas conhecidas como Afrothismia que estão confinadas às florestas continentais africanas sem capacidade de fotossíntese.

“O simples privilégio de descrever uma espécie como nova para a ciência é uma emoção que poucos terão a oportunidade de experimentar”, afirmou Martin Cheek, investigador principal da equipa de África do Royal Botanic Gardens, Kew.

“Infelizmente, este prazer está a ser cada vez mais ofuscado pelas muitas ameaças que as plantas enfrentam como consequência direta da atividade humana”, afirmou.

“A realidade devastadora é que, na maioria das vezes, novas espécies estão a ser encontradas à beira da extinção e é uma corrida contra o tempo encontrá-las e descrevê-las a todas”, concluiu.

ZAP //

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