Uma equipa de investigadores realizou um teste de “clareamento das nuvens”, para testar se o reflexo da energia do Sol pode ajudar a limitar os danos na Grande Barreira de Coral.
Em apenas cinco anos, a Grande Barreira de Coral está a viver o terceiro grande evento de branqueamento em massa. Para mitigar este problema, uma equipa de cientistas realizou uma nova tentativa para salvar o ecossistema.
Desta vez, usaram uma turbina modificada com 100 bicos de alta pressão para pulverizar biliões de cristais de sal no ar. Em teoria, os minúsculos cristais de sal são capazes de se misturar com nuvens de baixa altitude, tornando-as mais brilhantes e refletindo mais luz solar.
Daniel Harrison, da Southern Cross University, disse ao The Guardian que esta experiência demonstrou a eficácia deste sistema. Os cientistas realizaram este teste entre 25 e 28 de março, no recife Broadhurst, em Queensland.
A técnica envolve a adição de pequenas partículas à atmosfera, que agem como sementes às quais o vapor de água se pode agarrar para gerar gotículas e formar nuvens brilhantes e reflexivas. Além de ser uma tecnologia relativamente barata, pode ser implantada em escala e dá início a um processo que ocorre naturalmente.
“A natureza faz a maior parte do trabalho.” No fundo, esta técnica impulsiona um processo natural, uma vez que as nuvens se formam, principalmente, sobre o oceano, quando a humidade se reúne em torno de cristais de sal agitados pelos ventos da superfície oceânica.
A equipa pulverizou as gotículas microscópicas de água do mar no ar, que evaporaram e formaram cristais de sal marinho em nanoescala. Estas “sementes” geraram nuvens mais brilhantes e refletivas.
“Testamos esta técnica usando um drone na atmosfera e um navio de amostragem a 5 quilómetros da superfície do mar. Conseguimos provar que podemos criar centenas de biliões de cristais de sal marinho por segundo, que flutuam na atmosfera para aumentar a refletividade das nuvens existentes”, explicou Harrison.
A equipa espera repetir estes resultados, já no próximo ano, mas numa escala muito maior. Os cientistas acreditam que esta abordagem pode “iluminar” as nuvens, cobrindo uma área de 20 x 20 km. No entanto, aplicar esta técnica neste tipo de escala pode trazer problemas e imprevistos ao meio ambiente.
Por esse motivo, a equipa vai avaliar os impactos ambientais desta técnica durante quatro anos. Ainda assim, acreditam que o potencial é claro.
“O clareamento das nuvens pode proteger potencialmente toda a Grande Barreira de Coral do branqueamento de maneira relativamente económica, comprando um tempo precioso para a mitigação das mudanças climáticas de longo prazo”, disse Harrison.
“No futuro, esta tecnologia poderá ser aplicada sobre a Grande Barreira de Coral para reduzir a severidade do branqueamento durante as ondas de calor marinhas”, rematou o investigador.