O cirurgião vascular Alcídio Rangel foi condenado por abuso sexual a pacientes em 2012. Só agora, oito anos depois, é que foi expulso da Ordem. O médico podia exercer funções no setor privado.
Em 2012, o cirurgião vascular Alcídio Rangel foi condenado a uma pena de cinco anos de prisão, suspensa por igual período, pela prática de um crime de coação sexual e 11 crimes de abuso sexual de pessoa internada. Só agora, oito anos depois, é que a Ordem dos Médicos expulsou o cirurgião de 70 anos, que ficou proibido de exercer desde o dia 2 de janeiro.
Na altura em que foi condenado, Rangel já estava proibido de trabalhar no Serviço Nacional de Saúde desde 2010, mas continuava a poder fazê-lo no setor privado, escreve o jornal Público.
“Por violação dos deveres deontológicos, Alcídio Rangel foi punido com a sanção disciplinar de expulsão, por acórdão proferido pelo Conselho Superior a 31 de Outubro de 2019, no âmbito do processo n.35-2017, e estará proibido definitivamente de praticar qualquer ato profissional médico a partir do dia dois de Janeiro de 2021, por deliberação do Conselho Superior datada de 27 de Outubro de 2020”, lê-se no edital da Ordem dos Médicos.
O Conselho Superior da Ordem dos Médicos, contacto pelo Público, explicou que o processo disciplinar tardou a ficar concluído porque o médico sempre foi apoiado por advogados e apresentou vários recursos, em tribunal e na Ordem. A decisão final foi tomada no dia 31 de outubro de 2019, com vários editais a serem publicados face à impossibilidade de notificar o médico.
Na altura, o então bastonário da Ordem, José Manuel Silva, considerou a situação “extraordinariamente grave” e “passível de expulsão”. No entanto, o médico só podia ser expulso da Ordem assim que a sentença fosse confirmada pela via judicial.
O Ministério Público considerou que Alcídio Rangel molestou sexualmente 15 mulheres doentes fazendo-se valer das funções de médico especialista em cirurgia vascular, no Hospital de Santa Marta e em consultórios e clínicas privadas onde exercia.
Aqui está mais um bom exemplo de uma Ordem que continua a proteger os seus membros independentemente da ameaça que representam para o cidadão comum. Enquanto não abrirem vagas para os cursos de Medicina e o mercado possuir a capacidade de escolher apenas os bons profissionais, temos que suportar qualquer pessoa que surja como médico. Abusador, mau profissional, não importa. A Ordem defende. Esperaram que chegasse aos 70 para se reformar. Que vergonha.
E anda o bastonário da Ordem dos Médicos a fazer cenas armado em político da oposição!