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Afinal, não temos cinco sentidos. Os arquitetos descobriram mais dois

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CapitaLand

Edifício CapitaSpring

Alguma vez se perguntou porque se sente aconchegado em alguns lugares enquanto se sente desconfortável noutros? Pense no último aeroporto internacional onde aterrou ou numa cafetaria na sua vizinhança. 

A forma como percebemos os lugares é multifacetada. Ouvimos frequentemente que os nossos ambientes são percebidos através de cinco sentidos: visão, olfato, tato, audição e paladar. Mas e se houver mais sentidos envolvidos na nossa perceção?

Para além dos cinco sentidos tradicionais, a investigação neurocientífica também examina a proprioceção (a sensação dos músculos, a sua localização e os seus movimentos) e o sistema vestibular, que regula o sentido de orientação e equilíbrio, como informa um artigo do Big Think.

Os cientistas estão também a examinar um sentido chamado “interoceção” que se refere à perceção da sensação a partir do interior do seu corpo. A mais conhecida é a sensação de “borboletas na estômago”.

Embora os arquitetos há muito considerem os sentidos e o design, as preocupações com a fenomenologia foram introduzidas na arquitetura através de Christian Norberg-Schulzbeginning, no início dos anos 70.

A nossa perceção de aproximação a um edifício, uma cidade ou um objeto dentro de um ambiente depende de muitos fatores. Aproximar-se de uma cidade no meio do deserto é totalmente diferente de se aproximar de uma cidade numa floresta.

Ao perceber e ver uma cidade num deserto, a perceção da duração de tempo para lá chegar pode ser maior do que é na realidade. Ao aproximar-se de uma cidade numa floresta, estará ocupado a olhar à volta, para os animais ou as árvores, e a experimentar um tempo mais curto do que o que de facto demorou a lá chegar.

Quando se trata de edifícios, primeiro aproxima-se deles, depois entra e, finalmente, começa a explorá-los. A partir do momento em que estiver no caminho da aproximação, começará a perceber com todos os seus diferentes sentidos.

Através do toque, ao colocar a mão numa maçaneta da porta da entrada. As sensações serão diferentes consoante o material de que é feita a maçaneta.

Já em relação ao odores, um cheiro específico pode recordar-lhe boas memórias. É o mesmo quando se trata de edifícios. Todos conseguem distinguir entre o cheiro de um espaço vazio limpo e uma casa de campo na floresta.

Quanto à audição, é possível sentir diferentes sensações ou sentimentos quando ouvimos determinados sons. Compare uma sala com azulejos de cerâmica onde se ouve sapatos a bater no longo do chão com o caminhar sobre um chão de madeira.

No que toca à visão, praticamente todos já vimos imagens de uma casa onde com uma luz acesa num dia de neve. Aquela luz pode ser uma lareira, que sentimos mesmo ao vê-la ao longe.

E depois o paladar. Pode ser difícil associar à arquitetura, mas as cores e os detalhes específicos podem estimular o paladar.

Contudo, na arquitetura, os sentidos não acabam por aqui. O sistema vestibular (movimento) e a proprioceção (posição do corpo) são a base para se orientar num espaço e estar consciente de si próprio dentro de um ambiente.

É importante considerar também o que Steven Holl, um arquiteto de Nova Iorque, acredita serem os 11 estímulos que afetam a nossa perceção.

Em primeiro lugar, os objetos são percebidos no ambiente circundante. Se tiver uma flor em frente à janela, o fundo também desempenhará um papel importante na perceção e na impressão da flor.

Em segundo, a nossa perceção é uma série de molduras do ambiente, que muda com cada movimento nosso. Também as cores têm um papel importante na nossa perceção, assim como a luz e as sombras – que nos remetem a sentimentos diferentes – e a noite e o dia.

A perceção do tempo não é linear e depende de muitos fatores diferentes; a água é um reflexo do seu ambiente circundante; e o som ajuda a perceber o ambiente.

Os detalhes na conceção são um factor essencial que pode ter diferentes impactos. Uma pessoa pode facilmente diferenciar a sensação e o sabor da madeira natural de uma artificial.

Proporções e escalas são outros fatores críticos na perceção do ambiente. Se um edifício é demasiado grande, pode lhe causar a sensação de estar atordoado, enquanto uma altura inferior do teto pode fazê-lo sentir-se aconchegado.

As ideias são vitais na conceção de edifícios, uma vez que podem proporcionar às pessoas experiências diferentes.

Assim, se quiser criar uma cafetaria acolhedora, projete-a com luzes baixas, cores quentes, um som ambiente agradável. Uma ideia no centro influencia os detalhes com mobiliário e interiores e altura do teto.

A fenomenologia na arquitetura ajuda a criar melhores ambientes com base na forma como os humanos percebem o seu ambiente. Quer esteja a planear ir a um restaurante local ou a uma exposição, pode agora pensar em como as suas experiências num espaço estão relacionadas com a sua perceção sensorial.

ZAP //

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