Cientistas da Universidade de Oxford conseguiram reverter em ratos a cegueira provocada pela retinose pigmentar. Um ano após o tratamento, as cobaias conseguiam localizar-se melhor no ambiente em que estavam e até conseguiram reconhecer objectos.
A retinose pigmentar é a causa de cegueira mais comum entre os jovens. Atinge uma em cada 4000 pessoas no planeta e era considerada como irreversível. Graças à terapia genética, foi possível reprogramar as células da visão que restaram e aumentar a sensibilidade dos olhos das cobaias à luz. O estudo foi publicado no jornal PNAS.
Os cientistas esperam que a técnica sirva para recuperar pacientes em estágios terminais de perda de visão.
“Os efeitos da retinose pigmentar para as famílias que têm de conviver com a doença é devastador, e estivemos anos a trabalhar em novas formas de reduzir as perdas e começar a restaurar a visão”, explicou Robert MacLaren, professor da Universidade de Oxford, que conseguiu que pacientes com uma forma rara de cegueira literalmente vissem as estrelas.
“Essa nova técnica é promissora porque, ao usar uma proteína humana que está presente no próprio olho, reduzimos a hipótese de causar uma resposta imune no organismo”, acrescenta o investigador. Mesmo após a morte dos foto-receptores, as outras células da retina que não são sensíveis à luz permanecem intactas.
Os investigadores estimularam então essas células a “copiarem” a habilidade das irmãs falecidas, injectando na retina das cobaias um vírus modificado, encarregado de despejar um dos seus genes no interior das células remanescentes. Esse gene permitiu às células sobreviventes começarem a expressar a melanopsina, proteína sensível à luz.
As células tornaram-se assim capazes de responder aos estímulos visuais e transmiti-los ao cérebro, o que permitiu aos ratos cegos recuperarem a visão.
Os roedores não só melhoraram significativamente a sua resposta a estímulos visuais, como se tornaram mais capazes de reconhecer objectos no seu ambiente, e ficaram mais atentos ao que se passa à sua volta, em comparação com ratos cegos que não tinham passado pelo tratamento.
“Há um grande número de pacientes nesta situação, e a possibilidade de lhes devolver pelo menos parte da visão – usando um procedimento genético simples – é animadora”, contou Samantha de Silva, que liderou o estudo. “O nosso próximo passo será iniciar os testes clínicos em pacientes humanos”, completa.
// Ciberia / Seeker / University of Oxford