Numa altura em que a exploração espacial está em voga, a NASA, em colaboração com as agências espaciais canadiana, japonesa e europeia, está a trabalhar no programa Gateway.
O programa Gateway consiste em construir uma estação espacial tripulada por hunos na órbita lunar.
Segundo o Science Focus, vários bilionários continuam com os seus planos para estabelecer colónias em Marta e Vénus e lançar empresas de turismo espacial.
Se forem bem sucedidos, estes projetos representarão os primeiros passos preliminares da humanidade para longe da Terra e para o Espaço.
Para a sobrevivência destes projetos, entre as estrelas, a longo prazo, há um obstáculo que tem de ser ultrapassado a curto prazo: a reprodução humana.
Fazer bebés no espaço, seja através de meios naturais ou artificiais, está repleto de problemas, nomeadamente a radiação e a gravidade.
A SpaceBorn United, empresa sediada nos Países Baixos, está a tentar resolver o problema.
Para o efeito, desenvolveu uma incubadora de embriões e de fertilização in vitro miniaturizada, que está pronta a ser lançada numa missão destinada a avaliar a capacidade de reprodução da humanidade no Espaço.
No final de agosto, a empresa completou um teste de queda de 20 km acima da Terra para testar o impacto da radiação em material orgânico.
O objetivo da SpaceBorn United é “efetuar a conceção e o desenvolvimento embrionário precoce no espaço”, afirma Egbert Edelbroek, diretor executivo.
“Se quisermos ter colónias humanas, por exemplo, em Marte, e se quisermos que essas colónias sejam realmente independentes, isso requer a resolução do desafio da reprodução”, explica.
“Ninguém sabe se o nível de gravidade de Marte, que é muito inferior ao da Terra, será suficiente para um desenvolvimento embrionário saudável. Por isso, inicialmente estávamos apenas a concentrar-nos em aprender sobre os efeitos parciais da gravidade”.
Edelbroek explica, ainda, que “isto inclui testes em terra, que estamos a discutir com a Agência Espacial Europeia, uma vez que dispõe de instalações para simular a microgravidade ou a gravidade parcial. Estamos entusiasmados por podermos contribuir para este objetivo”.
Assim, o próximo passo para a fertilização in vitro é a biotecnologia no espaço.
A empresa está interessada no desenvolvimento de úteros artificiais, uma vez que podem contribuir para resolver o desafio da reprodução no espaço.
Entretanto, uma equipa de investigação em Israel conseguiu que embriões de rato crescessem fora do mundo natural durante 11 dias.
O objetivo pretendido é de cinco dias — primeiro com ratos e depois com células e embriões humanos.
O primeiro passo é também utilizar modelos animais, como gâmetas e embriões de mamíferos. Mas, segundo Edelbroek, é preciso passar a trabalhar com gâmetas humanos.
Até agora, nos últimos cinco a seis anos, a empresa concentrou-se nesta primeira fase da reprodução e possivelmente é o que vai acontecer nos próximos cinco a seis anos — isto inclui a conceção e o desenvolvimento embrionário inicial.
O direto executivo da SpaceBorn United explica que estão a utilizar tecnologia microfluídica para miniaturizar e reestruturar as incubadoras de embriões existentes. Estas nunca foram concebidas para serem pequenas ou de baixa massa.
Por isso, é que as vão transformar num disco do tamanho de um CD-ROM, cheio de micro canais.
Diferentes câmaras contêm fluidos de esperma e óvulos e é possível programar todo o processo de conceção nesse disco.
Edelbroek diz que houve muitos progressos, em termos de hardware. “O nosso primeiro protótipo está terminado, pronto para ir para o Espaço”.
De acordo com o diretor executivo, “a conceção natural no espaço não é, do ponto de vista ético e médico, boa ideia. Mas há um setor de turismo espacial que está a abrir e a acelerar”.
“Isto será um íman para casais que querem ter o direito de se gabar de que têm um bebé concebido no Espaço naturalmente” — logo, “não é boa ideia“.
Foi publicado um artigo sobre este tema, realizado em conjunto com cientistas como o Professor David Cullen da Universidade de Cranfield, com o objetivo de aumentar a sensibilização para os riscos do sexo natural no espaço.
Quando questionado se os planos para colonizar Marte ou Vénus até 2050 são realistas, Edelbroek diz que pensa “que existem muitas razões para deixar a Terra e alargar a zona de conforto da humanidade”.
“A exploração trouxe enormes benefícios para a humanidade e agora há uma nova corrida espacial, com a Índia e a Rússia a enviarem engenhos lunares para o espaço”.
Acrescenta ainda que há outra razão. “Não estamos a tratar bem a Terra com as alterações climáticas e há problemas potenciais com asteroides, inteligência artificial e até ameaças nucleares. Seria uma boa ideia ter um plano de reserva“.
Diz que poderá acontecer daqui a 25 anos, visto que cada vez mais empresas privadas, incluindo muitos bilionários, estão a participar na corrida espacial, pelo que está a acelerar ainda mais o processo.
Contudo, até há pouco tempo, as empresas espaciais têm-se concentrado na engenharia e no hardware necessários para levar as pessoas ao espaço e não na parte reprodutiva. Para Edelbroek a principal razão prende-se com tal facto ser “eticamente complexo e sensível”.
Na opinião do diretor executivo da SpaceBorn United, é “inútil gastar todos esses milhares de milhões de dólares e esforços na preparação de colonatos em Marte se não se conseguir revolver o problema da reprodução”.
“Haverá pessoas a viver lá, por isso há uma parte das ciências da vida que tem estado à margem”, explica.
Segundo Edelbroek, a longo prazo, “o primeiro parto no espaço é outro grande passo”.