Basta nadares. Cientistas ensinam peixes a conduzir tanque sobre rodas em terra

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O exemplo bem-sucedido com os peixes mostra que estes animais são capazes de navegar ambientes que não lhes são naturais, algo que também pode ser verdade no caso dos pássaros e dos mamíferos.

Já dizia a feminista Irina Dunn que as mulheres precisam de homens como os peixes precisam de uma bicicleta. Será que foi para refutar a autora australiana que um grupo de investigadores da Universidade Ben-Gurion de Negev, em Israel, decidiu testar a capacidade dos peixes conduzirem o seu próprio veículo?

De acordo com um novo estudo publicado na Behavioural Brain Research, os cientistas conseguiram fazer com que um grupo de peixes-dourados conduzisse um fish-operated vehicle (veículo conduzido por peixes).

A equipa criou um pequeno aquário equipado com câmaras e colocou-o sobre rodas. Foram depois lá deixados seis peixes-dourados, um de cada vez.

Nos vários treinos de 30 minutos, os cientistas apontavam o dispositivo para um alvo visual e recompensavam os peixes com comida sempre que eles lá chegaram, registando quanto tempo demoravam e a distância que percorriam, aponta a VICE.

Os vídeos destas sessões já se tinham tornado virais no Twitter do co-autor Ronen Segev, mas esta experiência não é a primeira a capturar interacções entre peixes e máquinas. No entanto, o novo estudo evidencia a capacidade que as espécies têm de se movimentar em ambientes que não lhes são naturais.

“Estes resultados demonstram que os peixes-dourados são capazes de ser transferidos para um ambiente terrestre completamente diferente e navegarem-no com sucesso”, afirmou Segev na rede social.

Os peixes conseguiram também evitar becos sem saída e imprecisões durante os testes. O estudo mostra que todos os seis peixes melhoraram ao longo do tempo, o que sugere que os peixes-dourados são capazes de aprender e melhorar a sua navegação em ambientes que lhes são estranhos.

A investigação junta-se assim a outras no ramo da “metodologia de transferência de domínios”, que avalia como as espécies animais se adaptam a um ambiente de onde não são naturais.

Os autores especulam que o sucesso dos peixes-dourados também pode significar que os mamíferos ou os pássaros também têm a capacidade de navegar em ambientes estranhos, já que todos partilham de formações semelhantes na região do hipocampo (que controla a aprendizagem e a memória) do cérebro.

Mesmo assim, são precisas mais investigações. “Precisa-se de mais estudos para estenderem estas conclusões a cenários mais complexos, como ambientes terrestres abertos. As conclusões, mesmo assim, sugerem que a forma como o espaço é representado no cérebro dos peixes e das estratégias que usam podem ser tão bem-sucedidas num ambiente terrestre como num aquático“, rematam os autores.

Adriana Peixoto, ZAP //

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