O rover Curiosity da NASA encontrou um intrigante padrão hexagonal em depósitos de sal em Marte — que parecem estranhamente semelhantes a bacias terrestres que secam sazonalmente, oferecendo uma nova e fascinante pista sobre a antiga história do Planeta Vermelho.
A existência de padrões hexagonais na superfície de Marte sugere a ocorrência de ciclos de estações secas e húmidas, potencialmente favoráveis ao aparecimento de vida no Planeta Vermelho.
A marcante descoberta, detalhada num artigo publicado a semana passada na revista Nature, é a primeira evidência fóssil de um clima marciano sustentado, cíclico e regular com estações secas e húmidas.
Em vez de atividade hidrológica esporádica induzida por impactos ou vulcões, nossas descobertas apontam para um clima sustentado, cíclico, possivelmente sazonal, no início da formação de Marte, explicam os autores do artigo numa nota de imprensa.
“Nunca estivemos tão perto de confirmar de uma vez por todas que o Planeta Vermelho passou por períodos de estações ricas em água e condições muito mais secas — algo que pode nos aproximar da resposta à questão de se Marte já foi repleto de vida, tal como a Terra é agora“, dizem os investigadores.
O rover Curiosity, que está há mais de uma década a percorrer as desoladas paisagens marcianas, avistou as fissuras na lama em 2021, enquanto subia o Monte Sharp, uma imensa montanha que se eleva a quase 5 mil metros a partir do solo da cratera Gale.
À medida que a lama marciana da área seca, esta encolhe e forma fissuras, com junções em forma de T — algo que o Curiosity já tinha descoberto.
Mas os cientistas dizem agora que foi a exposição prolongada — e mais importante, recorrente — à água que provavelmente causou a transformação destas fissuras em junções em forma de Y, formando estes padrões hexagonais.
“Esta é a primeira evidência tangível que vimos de que o antigo clima de Marte teve ciclos húmidos-secos tão regulares, semelhantes aos da Terra”, explica o autor principal do estudo, William Rapin do Institut de Recherche en Astrophysique et Planétologie da França, num comunicado da NASA.
“Mas ainda mais importante é que os ciclos de humidade e secura são úteis — talvez até necessários — para a evolução molecular que poderia levar à vida“, acrescentou Rapin.