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Pela primeira vez, cientistas conseguiram falar com pessoas durante um sonho

Pela primeira vez, cientistas conseguiram comunicar com sonhadores lúcidos. Confrontados com problemas matemáticos simples, alguns voluntários conseguiram responder durante o sonho.

Sonho lúcido é o termo, criado por Frederik Willems van Eeden no início do século XX, que se refere à perceção consciente de que se está em estado de sonho. Desta forma, o sonhador consegue ter controlo sobre as suas ações ou, até, sobre aquilo que acontece no sonho. Por outras palavras, é sonhar sabendo que se está a sonhar.

O que acontece é que a maioria das pessoas acorda ao perceber que está a sonhar. Pelo contrário, os “sonhadores lúcidos” conseguem manter-se no sonho, tendo plena consciência de tudo o que acontece.

Agora, uma equipa internacional de investigadores conseguiu dialogar em tempo real com pessoas durante sonhos lúcidos. Os resultados do estudo foram publicados esta quinta-feira na revista científica Current Biology.

Durante o sonho, os participantes do estudo conseguiram responder corretamente a perguntas, como problemas matemáticos simples. Os autores do estudo sugerem que este avanço pode permitir “uma nova estratégia para a exploração empírica dos sonhos”.

“Há estudos sobre sonhadores lúcidos que comunicam através dos sonhos e também se lembram de fazer tarefas”, disse Karen Konkoly, autora principal do artigo, à conversa com a VICE. “Mas há uma quantidade bastante limitada de estudos sobre os estímulos que os sonhos lúcidos envolvem.”

“Uma coisa que nos surpreendeu é que se poderia simplesmente dizer uma frase para alguém, e eles poderiam entendê-lo perfeitamente”, acrescentou.

Depois de os voluntários adormecerem, os cientistas pediram a alguns deles que confirmassem que estavam num sonho através de uma resposta ocular pré-combinada em que moviam os olhos num padrão específico da esquerda para a direita.

Os investigadores pediram, por exemplo, a um norte-americano de 19 anos que subtraísse seis de oito enquanto estava num sonho lúcido. O jovem sinalizou corretamente a resposta “dois” com dois movimentos oculares da esquerda para a direita. Quando lhe foi pedido que confirmasse, o voluntário repetiu a resposta correta.

Aproximadamente 18% das tentativas resultaram neste nível de comunicação clara e precisa do sonhador, 17% produziram respostas indecifráveis, 3% terminaram com respostas incorretas e 60% não provocaram qualquer tipo de resposta.

Quando acordaram, muitos participantes lembravam-se das interações com os investigadores. Alguns deles lembravam-se de perguntas e respostas diferentes das que receberam ou deram durante o sonho.

“Pensamos em tantas experiências que poderíamos fazer com isto”, disse Konkoly. “Acho que um predicado em que estamos a trabalhar agora é: como podemos otimizar o procedimento? Como podemos fazer com que isto aconteça mais? Como podemos fazer com que as pessoas tenham sonhos mais lúcidos? Como podemos comunicar de maneira mais confiável?”.

Daniel Costa, ZAP //

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