A nova pesquisa revelou que as falhas mais fortes tendem a ter valores b mais baixos, o que significa que têm maior probabilidade de causar grandes terramotos.
Investigadores japoneses descobriram uma potencial ligação entre a força da falha e a magnitude do terramoto, oferecendo informações valiosas sobre a proximidade de uma área que poderá sofrer um grande evento sísmico.
O estudo publicado na Nature Communications analisou dados sísmicos de mais de 1000 locais, centrando-se na região em torno do terramoto de Tottori Ocidental de 2000, que teve uma magnitude de 7,3. As suas conclusões propõem que a força de uma falha pode influenciar a probabilidade de um terramoto significativo.
Embora os cientistas ainda não consigam prever exatamente quando ocorrerá um grande terramoto, esta nova investigação oferece pistas promissoras ao estudar a relação entre a força da falha e uma constante sísmica chave conhecida como o valor b.
“O valor b é uma constante importante que caracteriza a relação entre a frequência e o tamanho dos terramotos”, explicou Satoshi Matsumoto, autor principal do estudo. Um valor b mais baixo indica uma maior probabilidade de ocorrência de grandes terramotos, enquanto um valor b mais elevado sugere terramotos mais frequentes e mais pequenos, escreve o SciTech Daily.
Investigações anteriores mostraram que os valores b tendem a diminuir antes de grandes terramotos devido ao aumento das forças de tensão. No entanto, este estudo sugere que a força da falha também desempenha um papel crucial.
Ao examinar os dados sísmicos em torno do terramoto de Tottori Ocidental, os investigadores conseguiram mapear as falhas e estimar o campo de tensão – as diferentes direções de tensão que atuam em cada falha.
Descobriram que as falhas mais fortes tendem a ter valores b mais baixos, o que significa que têm maior probabilidade de produzir grandes terramotos. Em contrapartida, as falhas mais fracas, que deslizam mais facilmente sob menos tensão, têm valores b mais elevados, o que as torna menos susceptíveis de desencadear sismos significativos.
“Simplificando, as falhas fracas escorregam antes de se acumularem grandes quantidades de tensão, impedindo-as de libertar uma quantidade substancial de força”, disse Matsumoto. Isto sugere que as falhas mais fortes são mais propensas a causar grandes terramotos, enquanto as mais fracas podem dissipar a tensão mais gradualmente.
Embora a previsão do momento exato dos terramotos continue a ser difícil, esta investigação aproxima os cientistas da compreensão de quando uma falha pode estar a aproximar-se de um ponto crítico. Matsumoto espera que, através da análise de dados como a direção da falha, a força e os valores b, os sismólogos possam um dia ser capazes de estimar quando uma falha está prestes a deslizar e decifrar assim o “Santo Graal” da previsão dos terramotos.
“Podemos nunca saber exatamente quando ocorrerá um terramoto”, concluiu Matsumoto, “mas esta informação é vital para estarmos preparados”.