Cientistas estão a “treinar” bactérias para detetar cancro

// Creative Biolabs

A bactéria Acinetobacter baylyi foi a grande protagonista deste estudo

Onde quer que seja que um cancro possa estar a esconder-se nas entranhas do corpo humano, uma bactéria treinada por bioengenharia pode brevemente vir a encontrá-lo.

Um estudo recente promete avanços significativos na deteção precoce de cancro — através da engenharia de microrganismos.

Apesar de esta abordagem estar ainda a alguns anos de distância de testes clínicos que possam mostrar a sua eficácia, diz o Science Alert, a ideia de usar micro-organismos modificados biologicamente como ferramentas de diagnóstico nãoé tão estranha como parece.

No decorrer do novo estudo, publicado no início deste mês na revista Science, Robert Cooper, biólogo da Universidade da Califórnia, liderou uma equipa internacional de investigadores que treinou bactérias para identificar fragmentos de ADN relacionados ao cancro colorretal.

O grande protagonista do estudo foi a bactéria Acinetobacter baylyi, que tem a capacidade natural de captar fragmentos de ADN no ambiente em que se encontra.

Os cientistas reprogramaram esta bactéria para que pudesse identificar especificamente sequências de ADN associadas a mutações cancerígenas, transformando-a num “biossensor” altamente especializado.

Os resultados mostraram que a bactéria foi eficaz na distinção entre mutações cancerígenas e erros genéticos inócuos, ativando um gene de resistência a antibióticos como sinal de deteção de células cancerígenas.

Cooper et al., Science, 2023

A grande inovação desta abordagem reside na sua potencial aplicação como método de diagnóstico não invasivo e altamente eficiente.

A técnica é particularmente relevante para a deteção de cancro em locais de difícil acesso — um avanço sublinhado pela biomédica Susan Woods, investigadora da Universidade de Adelaide e co-autora do estudo.

A deteção precoce é um dos pilares mais cruciais na luta contra o cancro, e o uso de microrganismos como biossensores pode vir a tornar-se uma ferramenta indispensável nesta batalha.

O novo estudo abre as portas a diagnósticos mais precoces e provavelmente mais acessíveis, revolucionando a forma como abordamos uma das doenças mais devastadoras do nosso tempo.

A equipa de investigadores tem agora planos ambiciosos para o futuro, incluindo a expansão do âmbito deste “biossensor” para deteção de outras formas de cancro.

ZAP //

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