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Cientistas encontraram forma de transformar células cancerosas em tecido saudável

Annie Cavanagh / Wellcome Images

Um cluster de células cancerígenas num cancro de mama

Um cluster de células cancerígenas num cancro de mama

Uma equipa de cientistas da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, acredita que pode ter encontrado uma forma de transformar células cancerosas em tecido saudável – ou seja, de restaurar a normalidade das células e interromper a sua reprodução descontrolada.

As moléculas usadas nos testes conseguiram travar o crescimento do cancro, e os cientistas esperam que este novo mecanismo possa ser usado em todos os tipos de tumores.

No entanto, apesar de os primeiros testes em laboratório parecerem promissores, ainda não está claro se esta técnica vai ajudar no tratamento de pessoas que tenham a doença.

O resultado da pesquisa foi publicado na revista especializada Nature Cell Biology.

A pesquisa da Mayo Clinic junta dois ramos da investigação científica: o estudo da aderência entre células e a biologia do microRNA, ou miRNA, que até agora não tinham sido relacionadas.

Os cientistas pensavam que as moléculas de adesão eram simplesmente a cola que mantém as células juntas. Mas descobriu-se que podem ter também um papel de sinalização.

O trabalho da Mayo Clinic mostra que as moléculas de adesão não apenas ligam células, mas também emitem sinais, através dos miRNAs, para controlar o seu crescimento.

Se este processo se desregula, as células crescem descontroladamente, o que pode estimular o desenvolvimento do cancro.

Mas reabastecer as células com miRNAs pode solucionar esse problema.

“Ao administrar os miRNAs afetados em células cancerosas para restaurar os seus níveis normais, devemos ser capazes de restabelecer os supressores do cancro e restaurar a função normal da célula”, disse Panos Anastasiadis, que liderou a investigação.

“As experiências iniciais, em alguns tipos agressivos de cancro, são realmente muito promissoras”, acrescentou o investigador da Mayo Clinic.

“Esta investigação resolve um mistério biológico que já tinha muito tempo, mas não devemos precipitar-nos”, diz à BBC Henry Scowcroft, investigador da Cancer Research UK, ONG britânica especializada em investigação oncológica.

“Há um longo caminho a percorrer antes de sabermos se estas descobertas, em células cultivadas em laboratório, vão ajudar a tratar pessoas com cancro”, acrescenta Scowcroft, “mas é um importante passo em frente na compreensão de como certas células no nosso corpo sabem quando crescer e quando parar“.

“Compreender estes conceitos chave é crucial para continuar a estimular o progresso contra o cancro que temos visto nos últimos anos”, conclui o investigador.

 ZAP / BBC

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