/

Cientistas foram à procura de matéria escura e acabaram por encontrar energia escura

(dv) UC Davis

Uma equipa de cientistas foi à procura de matéria escura e pode ter encontrado energia escura em vez disso. Os investigadores querem ter a certeza que não foi uma casualidade.

A energia escura é uma forma hipotética de energia que estaria distribuída por todo o Espaço e tende a acelerar a expansão do Universo. É uma forma pouco conhecida (mas incontornável) de energia que permeia o Espaço — no total, representa cerca de 68% da densidade do Universo.

Um novo estudo relata que alguns resultados inexplicáveis da experiência XENON1T, em Itália, podem ter sido causados pela energia escura e não pela matéria escura que a experiência foi projetada para detetar.

“Apesar de ambas serem invisíveis, sabemos muito mais sobre a matéria escura desde que a sua existência foi sugerida no início da década de 1920, enquanto a energia escura não foi descoberta até 1998. Experiências em grande escala como o XENON1T foram projetadas para detetar diretamente a matéria escura procurando por sinais de matéria escura ‘a atingir’ a matéria comum, mas a energia escura é ainda mais elusiva”, disse o autor principal do estudo, Sunny Vagnozzi, citado pelo Tech Explorist.

O XENON1T detetou um sinal inesperado, ou excesso. O coautor do estudo Luca Visinelli diz que “esses excessos costumam ser casualidades, mas de vez em quando também podem levar a descobertas fundamentais”.

“Exploramos um modelo no qual esse sinal pode ser atribuído à energia escura, em vez da matéria escura que a experiência foi originalmente planeada para detetar”, explicou o investigador do Laboratori Nazionali di Frascati, em Itália.

O modelo utilizado pelos cientistas mostrou que as partículas de energia produzidas nos intensos campos magnéticos do Sol poderiam explicar o excesso da experiência XENON1T.

Através deste modelo, os cientistas também mostraram o que aconteceria no detetor se a energia escura fosse produzida numa região específica do Sol, chamada taquoclina, onde os campos magnéticos são poderosos.

“Foi surpreendente que esse excesso pudesse, em princípio, ter sido causado pela energia escura, e não pela matéria escura. Quando as coisas se encaixam assim, é realmente especial”, disse ainda Vagnozzi.

Agora, os investigadores querem ter a certeza que o que a experiência XENON1T detetou não foi uma casualidade. Se tal for o caso, os investigadores esperam “ver um excesso semelhante novamente em experiências futuras, mas desta vez com um sinal muito mais forte”.

O artigo foi publicado recentemente na revista científica Physical Review D.

Daniel Costa, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.