Aumentar a esperança de vida actual em 50%? Sim, aparentemente isso é possível, concluiu uma equipa de cientistas alemães.
Investigadores do Instituto de Biologia Molecular de Mainz, na Alemanha, acabam de anunciar uma importante descoberta na compreensão da origem do processo de envelhecimento.
Em experiências realizadas com vermes C. elegans em laboratório, os cientistas descobriram que os mesmos genes que promovem a saúde e melhoram a aptidão física nos jovens, também coordenam o processo de envelhecimento tardio.
Os genes em questão estão envolvidos num processo chamado autofagia – um dos processos de sobrevivência mais críticos das células. Na sua experiência, os cientistas “desactivaram” estes genes nos animais mais velhos, desligando o processo de autofagia.
Essa alteração aumentou a longevidade dos C. elegans, trazendo uma grande melhoria na sua saúde neuronal e de todo o organismo. “A inibição neuronal da nucleação da autofagia prolongou o tempo de vida dos vermes C. elegans na fase pós-reprodutiva”, resumiu Holger Richly, autor principal da pesquisa.
A equipa de cientistas acredita que estes resultados poderão ajudar no tratamento de distúrbios neurodegenerativos tipicamente associados à idade, como doença de Alzheimer, Parkinson e Huntington, uma vez que a autofagia está envolvida nesses processos.
Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado no início deste mês na revista científica Genes & Development.
Retardar o envelhecimento
A equipa de Holger Richly conseguiu rastrear a origem do aumento de longevidade até um tecido específico, tendo chegando aos neurónios. Ao inactivar a autofagia nos neurónios dos vermes mais velhos, os cientistas não só conseguiram prolongar a vida dos animais, como também melhorar dramaticamente a sua saúde geral.
“Imagine estarmos a meio da nossa vida e tomarmos um medicamento que nos deixa em forma e com a mobilidade de alguém com a metade da nossa idade, e que iremos viver mais. Foi o que aconteceu com os vermes C. elegans na nossa experiência”, explicou Thomas Wilhelm, co-autor do estudo.
“Desligámos a autofagia num só tecido do animal, mas todo o seu corpo teve um impulso fortalecedor. Os neurónios ficaram muito mais saudáveis nos vermes tratados, e acreditamos que é isso que mantém os músculos e o resto do corpo em boa forma. O resultado líquido é uma extensão de vida de 50%“, acrescentou.
Os cientistas ainda não sabem qual é o mecanismo exacto que faz com que os neurónios se mantenham saudáveis por mais tempo, mas estão esperançados em que os resultados do seu estudo possa a curto prazo ter aplicações práticas na medicina – e que seja possível aumentar significativamente a longevidade em seres humanos.
ZAP // Ciberia / ScienceDaily