Cientistas desenvolveram exame que deteta Alzheimer com 100% de precisão

(dr)

Investigadores norte-americanos desenvolveram um novo exame ao sangue que pode ajudar a detetar a doença numa fase mais inicial.

O que torna o Alzheimer tão aterrorizante é a sua inevitabilidade, isto porque não existem ainda vacinas ou medidas preventivas para combater a doença.

Mas e se fosse possível detetar a doença anos antes dos seus sintomas começarem a aparecer? Cientistas da Universidade de Rowan, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo exame que pode ser a resposta para essa pergunta.

“É vulgarmente aceite que as mudanças relacionadas com o Alzheimer surgem no cérebro pelo menos uma década antes do surgimento de sintomas reveladores”, começa por dizer Robert Nagele, membro da equipa responsável.

“Do nosso conhecimento, esta é a primeira análise ao sangue que utiliza biomarcadores de auto-anticorpos que podem detetar com precisão o Alzheimer num ponto mais inicial da doença, quando os tratamentos são mais suscetíveis a serem benéficos, isto é, antes que ocorra uma devastação muito grande no cérebro”, explica.

O teste foi concebido para detetar uma fase precoce da doença, conhecida por “Leve Comprometimento Cognitivo” (MCI na sigla em inglês), e distingui-la de casos similares de declínio mental que são causados por outros fatores como, por exemplo, problemas vasculares, depressão crónica, excesso de álcool ou efeitos colaterais provocados por certas drogas.

Para experimentar o novo exame, Nagele e a sua equipa recolheram amostras de sangue de 236 pacientes, dos quais 50 foram diagnosticados com MCI, 50 eram pessoas saudáveis e os restantes tinham sido diagnosticados com doença leve a moderada de Parkinson, esclerose múltipla ou cancro da mama.

Os pacientes com MCI tinham sido diagnosticados com base em níveis baixos de beta-amilóide 42 peptídicos no líquido cefalorraquidiano, que tem sido identificado como um predecessor da rápida progressão do Alzheimer.

Para analisar o sangue, o teste utiliza uma série de micro arranjos de proteínas humanas – catálogos de 9.486 proteínas únicas – para atrair auto-anticorpos no sangue que podem estar ligados à doença.

Outras doenças

Os auto-anticorpos são um tipo particular produzido pelo sistema imunitário para atingir certas proteínas no organismo. É certo que às vezes este processo pode dar errado – e acabar como uma doença auto-imune – mas a forma como respondem a diferentes tipos de doenças faz deles um novo candidato muito promissor para a deteção e diagnóstico.

Os investigadores identificaram os 50 melhores biomarcadores de auto-anticorpos para MCI e outras doenças diagnosticadas nos seus participantes e quando os usaram para analisar as amostras de sangue, descobriram que eram 100% precisos na taxa global de precisão, sensibilidade e especificidade na deteção de amostras de sangue com MCI.

Ao utilizar este método, o teste também foi bem sucedido na deteção de Alzheimer precoce e moderado (98,7%), da fase inicial do Parkinson (98%), esclerose múltipla (100%) e cancro da mama (100%).

A equipa diz que, embora esses resultados sejam animadores, é necessário testar este método numa amostra maior e mais diversificada, para ver se a média de 100% oscila com outros dados.

Embora saber que se tem Alzheimer mais cedo não vai impedir que o paciente desenvolva a doença por completo, esta seria uma forma de dar aos pacientes a oportunidade de se inscreverem para ensaios clínicos de novos medicamentos e tratamentos, planear cuidados médicos futuros e até mesmo explorar formas de ajudar a retardar a sua progressão, define a equipa de investigadores.

O Alzheimer é responsável por 50% a 80% dos casos de demência no mundo, o que mostra que testes como este são extremamente necessários.

ZAP / Hypescience

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