Cientistas “desembrulharam” digitalmente a múmia do faraó Amenhotep I

Osama Shukir Muhammed Amin FRCP / Wikimedia

Representação do faraó egípcio Amenhotep I

Cientistas egípcios conseguiram finalmente revelar alguns detalhes da múmia do antigo faraó Amenhotep I.

A equipa de investigadores usou tomografias computadorizadas tridimensionais para “desembrulhar” digitalmente o corpo de Amenhotep I. Esta foi a primeira vez em três milénios que a múmia foi “aberta”.

A última vez terá sido no século XI A.C., mais de quatro séculos depois da sua mumificação e enterro. Isto porque certos hieróglifos descrevem como, no final da 21.ª dinastia egípcia, sacerdotes restauraram (e voltaram a enterrar) múmias reais de dinastias mais antigas para reparar danos causados por ladrões de túmulos.

“O facto de a múmia de Amenhotep I nunca ter sido desembrulhada nos tempos modernos deu-nos uma oportunidade única: não só estudar como foi originalmente mumificado e enterrado, mas também como foi tratado e enterrado na segunda vez, séculos depois da sua morte”, disse, em comunicado, Sahar Saleem, professora de Radiologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Cairo.

“Ao desembrulhar digitalmente a múmia e ao ‘descascar’ as suas camadas virtuais – a máscara facial, as ligaduras e a própria múmia – pudemos estudar este faraó bem preservado com um detalhe sem precedentes”, acrescentou a docente, primeira autora do estudo publicado, esta terça-feira, na revista científica Frontiers in Medicine.

A múmia do faraó egípcio Amenhotep I

“Mostrámos que Amenhotep I tinha aproximadamente 35 anos quando morreu. Tinha cerca de 1,69 metros de altura, era circuncidado e tinha bons dentes”, explicou ainda a investigadora, acrescentando que o faraó usava 30 amuletos e um cinturão de ouro único com contas também de ouro.

Segundo Saleem, o faraó egípcio também era “fisicamente parecido com o pai”, Amósis I. “Tinha um um queixo estreito, um nariz pequeno e estreito, cabelo encaracolado e dentes superiores levemente protuberantes.”

“Não conseguimos encontrar quaisquer lesões ou desfiguração devido a doença que justificassem a sua morte, exceto numerosas mutiliações post mortem, presumivelmente feitas por ladrões de túmulos depois do seu primeiro enterro. As suas entranhas foram removidas pelos primeiros mumificadores, mas não o seu cérebro ou coração“, continuou a investigadora.

A múmia de Amenhotep I (cujo nome significa “Amun está satisfeito”) foi descoberta em 1881, entre outras múmias reais, em Deir Elbari, no sul do Egito.

ZAP //

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