Nem dura nem macia. Cientistas descobriram um tipo de madeira totalmente novo

Jean-Pol GRANDMONT / Wikimedia

Liriodendron tulipifera

As tulipeiras têm um tipo de madeira totalmente novo, que não se enquadra em nenhumas das categorias de madeira dura ou macia — e que poderá ser a chave para combater as alterações climáticas está nas tulipeiras.

Um novo estudo, publicado esta terça-feira na New Phytologist, descobriu que as tulipeiras, que estão relacionas com as magnólias e podem atingir mais de 30 metros de altura, têm um tipo único de madeira — que não se enquadra em nenhumas das categorias de madeira dura ou macia.

Uma melhor compreensão da estrutura de madeira única das tulipeiras abre a porta ao aproveitamento destas árvores em iniciativas de captura de carbono em grande escala.

Segundo o Study Finds, os cientistas utilizaram um microscópio eletrónico de varrimento a baixa temperatura (cryo-SEM) para obter imagens da arquitetura à nanoescala das paredes celulares secundárias da madeira no seu estado nativo hidratado.

De seguida, descobriram que as duas espécies, Liriodendron tulipifera e Liriodendron chinense, têm macrofibrilas (fibras longas alinhadas em camadas na parede celular secundária) maiores que os de madeira dura.

“Mostramos que os Liriodendrons têm uma estrutura macrofibrilar intermédia que é significativamente diferente da estrutura da madeira macia ou da madeira dura”, diz o primeiro autor do estudo, Jan Lyczakowski.

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Ultra-estrutura da madeira da Liriodendron tulipifera, Amborella trichopoda e um Gnetum edule com ampliações de 1.000 e 50.000x em cryo-SEM. As células da madeira e as paredes celulares são visíveis na ampliação inferior. As macrofibrilas são visíveis na ampliação superior.

Estas árvores divergiram das magnólias há cerca de 30-50 milhões de anos, coincidindo com uma grande diminuição de CO2 atmosférico. As mesmas são já conhecidas pelo seu rápido crescimento e pelo eficiente sequestro de carbono.

Além disso, os investigadores descobriram  ainda que certas gimnospérmicas da família das Gnetófitas desenvolveram uma estrutura semelhante à da madeira dura, tipicamente vista apenas nas angiospérmicas.

“Ambas as espécies podem acabar por ser úteis para plantações de captura de carbono. Alguns países do Leste Asiático já estão a utilizar plantações de Liriodendron para fixar eficazmente o carbono, e pensamos que isto pode estar relacionado com a sua nova estrutura de madeira”, conclui Lyczakowski.

Por fim, esta descoberta faz avançar a compreensão da evolução das plantas e realça o papel da ultraestrutura da madeira na fixação de carbono. Também sublinha a importância de preservar diversas coleções de plantas, como as que se encontram nos jardins botânicos, que continuam a permitir alcançar novos conhecimentos científicos.

Soraia Ferreira, ZAP //

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