Baleias, golfinhos, focas e até tartarugas marinhas conseguem vocalizar debaixo de água – e os cientistas acabam de descobrir que os pinguins também.
Tal como todas as aves marinhas, os pinguins são muito conhecidos por serem altamente vocais em terra, uma habilidade que os ajuda a reconhecer e a comunicar com parceiros e parentes durante a estação da reprodução.
No entanto, estes animais passam grande parte da sua vida no mar. Ao contrário da maioria das aves marinhas, os pinguins possuem habilidades extremas de mergulho, que entram em ação principalmente quando caçam.
Recentemente, uma equipa de investigadores liderada por Andrea Thiebault, da Unidade de Pesquisa de Predadores Marítimos da Apex (MAPRU) da Universidade Nelson Mandela, na África do Sul, deu uso aos recentes desenvolvimentos tecnológicos para levar a cabo várias pesquisas que, antigamente, seriam um verdadeiro desafio.
De acordo com o Science Alert, a equipa capturou espécimes de três espécies de pinguins – rei, gentoo e de-testa-amarela – em Marion, uma ilha subantártica na África do Sul. Estas espécies foram especialmente selecionadas devido à diversidade de estratégias alimentares, uma vez que, dependendo da espécie, conseguem atingir profundidades entre os 20 e os 500 metros em busca de alimento.
Os cientistas colocaram câmaras em miniatura e microfones embutidos nas costas dos animais e soltaram-nos. Os resultados surpreenderam os cientistas.
A equipa conseguiu obter 203 vocalizações subaquáticas das três espécies ao longo de quase cinco horas de vídeo. A maioria (168) são vocalizações de pinguins-gentoo, 34 de dois pinguins-rei e apenas um de um pinguim-de-testa-amarela.
O estudo fornece a primeira prova de que os pinguins emitem sons debaixo de água quando caçam. Devido às dificuldades de gravação debaixo de água, os cientistas sabiam muito pouco sobre as vocalizações destes animais quando estão no mar.
Mais de 50% das vocalizações foram diretamente associadas a um comportamento de caça: imediatamente depois de terem acelerado (em perseguição das presas) ou imediatamente após uma tentativa de capturar as mesmas.
Além disso, 73% das vocalizações gravadas foram curtas e emitidas durante o “tempo de fundo”, antes das subidas e das descidas. O artigo científico com os resultados foi publicado no Peer J.
Esta investigação sugere que outras espécies de pinguins podem, também, emitir sons debaixo de água. No entanto, fica ainda por descobrir como é que estes animais conseguem produzir sons debaixo de água (dada a alta pressão em profundidade) e por que motivo o fazem.