As plantas não são apenas seres vivos. Segundo os cientistas, são também seres inteligentes — à sua maneira.
Uma nova investigação mostra que plantas como as solidago, ou “vara-de-ouro”, são “suficientemente inteligentes” para detetar outras plantas próximas sem nunca estabelecerem contacto.
E são também suficientemente inteligentes para se adaptarem a situações de ameaça, como o facto de ser comidas por herbívoros.
Segundo o Study Finds, há várias formas de medir a inteligência. As plantas podem não resolver problemas complexos da matemática, mas os investigadores da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, descobriram que algumas espécies têm a capacidade intelectual para respostas adaptativas flexíveis e em tempo real.
A solidago tem a capacidade notável de detetar outras plantas nas proximidades sem contacto físico, utilizando rácios de luz vermelha distante refletidos nas folhas. Quando esta planta é consumida por herbívoros, pode ajustar a sua reação com base na presença de plantas vizinhas.
Será este comportamento flexível, em tempo real e adaptativo uma demonstração de inteligência nas plantas?
Responder a esta questão é um desafio, mas Andre Kessler, ecologista químico, apresenta um caso de inteligência vegetal num artigo recente publicado na revista Plant Signaling and Behavior.
“Existem mais de 70 definições publicadas para inteligência e não há acordo sobre o que é, mesmo dentro de um determinado campo”.
Muitos acreditam que a inteligência requer um sistema nervoso, mas Kessler e o seu coautor, Michael Mueller, defenderam a inteligência das plantas, definindo-a como a capacidade de resolver problemas com base em informações ambientais para atingir um objetivo específico.
Para se protegerem de serem comidas, as solidago libertam um químico que leva o inseto a pensar que a planta está danificada e que não seria uma boa refeição.
Os compostos químicos são também captados por solidago próximas, permitindo-lhes montas as suas defesas contra o herbívoro.
Embora algumas solidafo possam sofrer alguns danos, este raciocínio rápido reduz o risco de serem completamente comidas vivas. Em vez disso, as solidago distribuem os danos enganando as larvas do escaravelho para que se desloquem para outra planta.
As células podem ser especializadas, mas também percebem as mesmas coisas e comunicam através de sinalização química para desencadear uma resposta coletiva no crescimento ou no metabolismo. “Essa ideia é muito apelativa para mim“, afirmou.
Segundo o Tech Explorist, num estudo recente de 2022, publicado na revista Plants, Kessler e Alexander Chautá, realizaram experiências que demonstram que a solidago tem a capacidade de detetar rácios mais elevados de luz vermelha distante refletida nas folhas das plantas vizinhas.
Quando as solidagos são consumidos por escaravelhos na presença de plantas vizinhas, demonstram um maior investimento na tolerância ao herbívoro, acelerando o crescimento e produzindo compostos defensivos que ajudam a afastar as pragas de insetos.
Na ausência de plantas vizinhas, as solidagos não apresentam a mesma resposta de crescimento acelerado quando consumidas e as suas reações químicas aos herbívoros são notavelmente diferentes, embora continuem a apresentar uma elevada tolerância à herbivoria.
Isto enquadra-se na nossa definição de inteligência“, explica Kessler. “Dependendo da informação que recebe do ambiente, a planta altera o seu comportamento padrão“.
“Conseguem cheirar o ambiente com grande precisão; cada célula consegue fazê-lo, tanto quanto sabemos”, conclui Kessler. “O que isso significa é que o cérebro da planta é a planta inteira, sem necessidade de uma coordenação central.”
A exploração da inteligência das plantas pode conduzir a novas teorias sobre a comunicação química das plantas e alargar a nossa compreensão da inteligência. Esta mudança de perspetiva é especialmente relevante atualmente, dado o interesse generalizado pela inteligência artificial.