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Cientistas descobrem ovos de pterossauros com embriões

Fernando Frazão/Agência Brasil

A descoberta ocorreu em expedições realizadas em 2015 e 2016 na região de Hami, no noroeste da China

Na China foram descobertas centenas de restos de ossos de pterossauros e mais de 300 ovos, alguns deles com embriões preservados.

O estudo será publicado na edição que começa a circular amanhã da revista Science, uma das mais conceituadas publicações de divulgação científica do mundo.

De acordo com o paleontólogo Alexander Kellner, a descoberta ocorreu em expedições realizadas em 2015 e 2016 na região de Hami, no noroeste da China. Encontrou-se no local a maior concentração de ovos de vertebrados extintos conhecida até então. Os ovos estavam num bloco de pouco mais de 3 metros quadrados. “É uma das mais importantes descobertas sobre vertebrados extintos nos últimos 10 anos”, avaliou Kellner.

Os pterossauros são répteis voadores. Foram os primeiros animais vertebrados a desenvolver a capacidade de voo ativo, antes mesmo das aves. Parentes próximos dos dinossauros, desapareceram sem deixar descendentes há cerca de 66 milhões de anos, no período geológico conhecido como Cretáceo.

Já foram descobertas no mundo cerca de 300 espécies de pterossauros, distribuídas em todos os continentes. A espécie encontrada na China recebeu o nome de Hamipterus tianshanensis. Na posição quadrúpede, teria uma altura média de 1,2 metros e o tamanho máximo seria alcançado após os dois anos de nascimento.

A envergadura da asa variava entre 1,5 e 3,5 metros. Pelo formato dos dentes, os cientistas acreditam que seriam animais carnívoros e que se alimentavam de peixes.

Fernando Frazão/Agência Brasil

Parentes próximos dos dinossauros, os pterossauros são répteis voadores. Foram os primeiros animais vertebrados a desenvolverem a capacidade de voo ativo, antes mesmo das aves.

Concentrações expressivas de ossos de pterossauros já tinham sido encontradas na Argentina e no Brasil, mas sem grande volume de ovos.  Juliana Sayão, professora da Universidade Federal de Pernambuco e parte da equipa, destaca descobertas na bacia do Araripe, que alcança três estados do Nordeste do Brasil: Ceará, Pernambuco e Piauí.

“Lá já foram feitas descobertas de mais de duas dezenas de espécies pterossauros. A última delas foi pelo nosso grupo de pesquisa há três anos”.

Cuidado parental

A ciência ainda reúne um conhecimento limitado sobre os pterossauros, sobretudo pela dificuldade em encontrar fósseis preservados. Os ossos, muito finos e delicados, são extremamente frágeis. Os ovos são de casca mole, diferente da maioria das aves e mais semelhante aos de cobras e lagartos. “Eles não quebram, deformam”, afirma Kellner.

Até então, só tinham sido encontrados nove ovos em todo o mundo – na China e na Argentina -, sendo três deles com embriões, mas todos amassados e compactados. Nesta nova descoberta, além de mais de 200 ovos, foram encontrados de forma inédita 16 embriões com ossos preservados em três dimensões.

Análises de tomografia computadorizada nos fósseis mostraram que, nestes pterossauros recém-nascidos, os membros vinculados ao voo ainda não estavam bem ossificados.

“Isso demonstra que, quando esses animais nasciam, poderiam andar, mas possivelmente não poderiam voar. Essa é uma informação inédita. E isso está ligado ao cuidado parental. Ou seja, os pterossauros recém-nascidos, pelo menos nessa espécie, precisavam de algum acompanhamento dos pais para sobreviver”, explica Kellner.

O cientista também destaca que os fósseis foram encontrados dispostos em oito camadas, numa altura de 2,2 metros. Cada camada representa um tempo diferente na escala de anos.

“O que estamos a observar é que os pterossauros faziam colónias de nidificação, ou seja, várias fêmeas iam para o mesmo lugar colocar os seus ovos. A descoberta também indica que retornavam sazonalmente a essas áreas, locais propícios para a procriação”.

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