/

Cientistas descobrem nova partícula subatómica

7

azure_radiation / Flickr

Detalhe do LHC, Large Hadron Collider, acelerador de partículas do CERN

Detalhe do LHC, Large Hadron Collider, acelerador de partículas do CERN

Uma equipa de físicos do LHC, o Grande Colisor de Hadrõe do CERN – o maior acelerador de partículas do mundo – anunciou a primeira observação de uma partícula subatómica com dois quarks pesados, um fenómeno da física cuja existência foi teorizada nos anos 1960, mas que, até hoje, não tinha sido confirmado.

A nova partícula subatómica tem uma massa quatro vezes superior ao barião mais comum, o protão, anunciou esta quinta-feira a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, CERN, em comunicado divulgado em Genebra, na Suíça.

A descoberta ocorre no âmbito da experiência LHCb do LHC, que procura entender porque razão é que, após o início do universo, em que havia quantidades iguais de matéria e antimatéria, a matéria prevaleceu sobre a antimatéria.

A partícula agora descoberta, batizada de Xi cc, apareceu durante uma fracção de segundo no acelerador LHC, Large Hadron Collider, adiantou o físico Guy Wilkinson, investigador do CERN que participou na experiência.

A nova partícula é um barião, uma partícula subatómica composta por outras mais pequenas, os quarks. Os protões e os neutrões são exemplos de bariões.

Quase toda a matéria que nos cerca é formada por bariões, partículas subatómicas compostas por três partículas elementares com carga eléctrica fraccionada, chamadas de quarks, que são os elementos fundamentais de protões e neutrões.

A nova partícula, que se supõe desempenhar um papel na forma como a matéria é composta, tem dois quarks pesados e um mais leve. Normalmente, os bariões costumam ter apenas um quark pesado.

Os dois quark pesados que compõem a nova partícula estão permanentemente envolvidos numa espécie de dança, como se fossem dois sóis no centro de um sistema solar, em roda dos quais orbita o quark mais leve.

“Há muito tempo que se procurava esta partícula”, admitiu Wilkinson, considerando que a descoberta do CERN abre a porta ao estudo de uma nova variedade de bariões.

Maximilien Brice / CERN

O CERN e o acelerador LHC

O CERN e o acelerador LHC

“Ao contrário dos outros bariões, em que os quarks giram à volta do como se estivessem a dançar, esperamos que o barião com dois quarks pesados se comporte como um sistema planetário, em que os quarks pesados fazem o papel de estrelas que orbitam uma em volta da outra, e o quark mais leve a orbitar à volta deste sistema”, explicou Wilkinson.

Levando em consideração que a teoria científica conhece a existência de seis tipos de quarks (up, down, charm, strange, top e bottom), os investigadores especulam há anos sobre as combinações potenciais de bariões que podem existir no Universo.

Os bariões observados até hoje continham, no máximo, um quark pesado. É a primeira vez que os físicos observam, sem ambiguidades, um barião com dois quarks “charm”, que têm uma carga eléctrica fraccionária com uma massa um pouco mais elevada que um protão, e um quark “up”, que é mais leve.

Com a medição das propriedades da nova partícula subatómica, os cientistas do CERN poderão estabelecer o período de vida da mesma, e como se comportam dois quarks pesados e um mais leve, explicou à Agência EFE o físico Samuel Coquereau, investigador da Universidade de Barcelona, que participa na experiência LHCb.

Após muito tempo à sua procura, conseguimos finalmente encontrá-la . Agora temos que a estudar”, acrescentou o cientista.

A descoberta relança agora as expectativas de que se venham agora a identificar outros representantes da família dos bariões com dois quarks pesados.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. “…início do universo em que havia quantidades iguais de matéria e antimatéria…”

    Caros cientistas:
    Mas já se sabe pelo menos como foi o inicio do Universo? e o pré-inicio do universo como foi? e o pre-pre-inicio? e o pre-pre-pre-inicio?

      • Não sei se compreendeu a minha pergunta, ou se sou eu que não compreendo a sua resposta.
        Mas vou reformular baseado na sua resposta:
        Como foi o Pré-Big Bang?
        E o Pré-Pré-Big Bang? E o Pre-Pre-Pré-Big Bang?
        (Não sei se me fiz entender )

      • Não há Pré-Big Bang pois foi aí que o tempo começou, embora isso nada tenha a ver com o artigo

      • Ele há cada uma… a sua frase começa logo bem… incrível. Mas o que é que havia antes do tempo começar? o que havia antes do Big-Bang? Havia o NADA? e o que havia antes do NADA?

        Não sei se entende, mas tem tudo a haver com o artigo, ou seja no inicio havia matéria e anti-matéria. Qual inicio se nunca ha inicio?

        O que eu estou a perguntar não é para ferir ninguém, mas que não se sabe absolutamente nada do ANTES e do DEPOIS… Até podíamos perguntar de onde viemos e para onde vamos.

  2. Vamos descobrindo todos os dias novas coisas sobre o início do universo. A cada nova descoberta aumenta a área do nosso conhecimento… mas também o perímetro que constitui a fronteira do que ainda não sabemos. Por isso vamos fazendo essas e outras perguntas. Chamar religião a uma teoria científica é como chamar passatempo a não colecionar selos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.