Cientistas criam gel capaz de proteger edifícios durante incêndios florestais

Andrea d’Aquino

Novo gel transita de um hidrogel para um aerogel sob o calor de um maçarico a gás. O maçarico arde a uma temperatura mais elevada do que a que resultaria de um incêndio florestal.

Uma equipa de cientistas desenvolveu um gel pulverizável que cria um escudo para proteger os edifícios dos danos causados pelos incêndios florestais.

Nos últimos anos, as alterações climáticas criaram condições mais quentes e secas, levando a épocas de incêndios mais longas e mais frequentes, pelo que são necessárias intervenções mais eficazes contra os seus danos.

Num novo estudo, publicado a semana passada na Advanced Materials, os investigadores desenvolveram um gel que melhora a qualidade da água e que pode ser pulverizado em casas e infra-estruturas para ajudar a evitar que ardam durante os incêndios florestais.

Segundo o CienciaPlus, os géis potenciadores de água são feitos de polímeros superabsorventes, semelhantes ao pó absorvente encontrado nas fraldas descartáveis.

Quando misturados com água e pulverizados sobre um edifício, transformam-se numa substância gelatinosa que se agarra ao exterior da estrutura, criando um escudo espesso e húmido.

“Em condições típicas de incêndios florestais, os atuais géis que melhoram a água secam em 45 minutos“, diz o primeiro autor do estudo Eric Appel, em comunicado.

Neste gel, a água é apenas a primeira camada de proteção. Para além de um polímero à base de celulose, o gel contém partículas de sílica, que são deixadas para trás quando os géis são submetidos ao calor.

“Descobrimos um fenómeno único em que um hidrogel se transforma num escudo de aerogel sob a ação do calor, oferecendo uma proteção reforçada e duradoura contra incêndios florestais.

Este avanço ultrapassa as atuais soluções comerciais, oferecendo uma defesa maior contra incêndios florestais”, explica a autora principal do estudo, Changxin Dong.

Além disso, os cientistas testaram várias formulações deste novo gel, aplicando-as em pedaços de contraplacado e expondo-os à chama direta de um maçarico a gás, que arde a uma temperatura consideravelmente mais elevada do que um incêndio florestal.

A sua formulação mais eficaz durou mais de 7 minutos antes de a placa começar a carbonizar. Quando testaram da mesma forma um gel de reforço de água disponível no mercado, este protegeu o contraplacado durante menos de 90 segundos.

“Estes géis são seguros tanto para as pessoas como para o ambiente. Poderá ser necessária uma otimização adicional, mas a esperança é que possamos fazer uma aplicação e avaliação à escala piloto dos mesmos, para que possamos utilizá-los para ajudar a proteger as infra-estruturas críticas quando ocorre um incêndio”, conclui Appel.

Soraia Ferreira, ZAP //

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