Uma nova pesquisa demonstrou que é possível implantar falsas experiências na mente das pessoas sem o seu conhecimento.
A experiência foi conduzida por Takeo Watanabe, da Universidade de Brown, e os resultados foram publicados esta terça-feira na Current Biology.
Durante a pesquisa, Watanabe e a sua equipa, em colaboração com investigadores do Advanced Telecommunications Research Institute, no Japão, monitorizaram a atividade cerebral de um grupo de voluntários que participaram de uma espécie de jogo.
Foi solicitado a cada participante que se concentrasse em algo concreto ao olhar para um ecrã onde eram exibidas imagens às listras pretas e brancas. A ideia era controlar as atividades cerebrais dos participantes.
Este processo foi repetido por várias semanas, e alguns dos voluntários tiveram diferentes áreas do cérebro estimuladas com uma luz vermelha.
Sem saber o intuito do estudo, quando os participantes foram convidados a dizer o que as imagens de listras pretas e brancas sugeriam, alguns deles responderam “zebra”.
Porém – e é aí que está a razão de ser da pesquisa – aqueles que tinham recebido o estímulo luminoso responderam “a cor vermelha”.
“Os sujeitos desenvolveram uma associação entre cor e orientação, sem se aperceberem”, explicou ao Digital Trends o investigador, especialista em ciências cognitivas, linguísticas e psicológicas.
O processo de Associative Decoded fMRI Neurofeedback, uma adaptação do neurofeedback, usa a monitorização do cérebro com o equipamento de fMRI para ensinar uma técnica ou uma associação – mas sem que a pessoa se aperceba do que está a estudar.
“Isto indica-nos que os humanos são capazes de criar uma aprendizagem associativa em áreas visuais primitivas. A partir do momento em que conseguimos criar aprendizagem associativa em áreas tão rígidas, podemos prever que este método é capaz de fazê-lo em qualquer parte do cérebro”, afirma.
A experiência, explica Takeo Watanabe à Stat, abre um campo de pesquisa interessante que pode ter várias aplicações, não só com o intuito de manipular a mente para implantar imagens e sensações, mas também para possíveis tratamentos para o autismo, demência e depressão.