Em 1974, Bell Burnell descobriu o pulsar de rádio, uma das descobertas mais importantes do séc.XX. A descoberta valeu o Prémio Nobel mas, esse mesmo prémio foi atribuído ao seu supervisor. Agora, 44 anos depois, a cientista britânica recebeu o Breakthrough Prize pela descoberta e pela liderança científica demonstrada ao longo dos anos.
Nos anos 70, Jocelyn Bell Burnell era uma estudante de Cambridge que trabalhava numa dissertação sobre objetos estranhos em galáxias distantes conhecidos como quasares. Em parceria com o seu supervisor, Antony Hewish, construiram um radiotelescópio para observar esses objetos.
Durante as observações, a britânica notou algo de suspeito nas informações recolhidas pelo telescópio. Um pulso que se repetia sensivelmente a cada 1,3 segundos. O sinal, estranho para os cientistas, foi inicialmente chamado Little Green Man-1 (Pequeno Homem Verde-1), numa referência aos possíveis aliens que poderiam estar a enviar o sinal.
Contudo, Bell Burnell descobriu outros sinais similares que sugeriam que a fonte seria um objetivo cósmico natural. Os investigadores determinaram que esses sinais provinham da rápida rotação das estrelas de neutrão, reminiscências de estrelas massivas que morreram em explosões de supernovas. Estes objetos ficaram conhecidos como pulsares, uma combinação entre pulsos e quasares.
Esta descoberta foi tão importante que mereceu o reconhecimento da Academia Sueca… ao supervisor de Bell Burnel, Antony Hewish.
Numa entrevista em 2009, Bell Burnel afirmou não se ter sentido incomodada por não ter sido incluída no prémio Nobel e que “naqueles tempos, os estudantes não eram reconhecidos pelo comité”.
Esta quinta-feira, passados 44 anos da entrega do prémio Nobel a Antony Hewish, os representantes do Breakthrough Prize anunciaram a atribuição do “Prémio Especial de Inovação em Física Fundamental” à astrofísica britânica pela descoberta de 1974.
“Quando soube da atribuição do prémio, fiquei sem palavras o que é incomum em mim. Nem sequer sonhava ou imaginava uma coisa assim, por isso foi uma surpresa maravilhosa”, contou Bell Burnell.
Bell Burnell receberá oficialmente o prémio a 4 de novembro de 2019 durante a cerimónia dos Breakthrough Prizes em Silicon Valley, na Califórnia.
“A descoberta dos pulsares pela Jocelyn Bell Burnell será sempre lembrada como uma das grandes surpresas na história da astronomia“, afirmou Edward Witten, presidente do comité de seleção da Breakthrough Prize.
Fundado por Sergey Brin, Yuri Milner, Priscilla Chan e Mark Zuckerber, os Breakthrough Prizes oferecem o maior prémio monetário do mundo, cerca de 2,5 milhões de euros.
Bell Burnell, a quem foi oferecida essa quantia pela descoberta dos pulsares, irá doar todo o dinheiro ao Instituto Britânico de Física que criará um bolsa de estudo para minorias interessadas no estudo da física.
“Não quero nem preciso do dinheiro e parece-me que este é o melhor uso que lhe posso dar”, contou Bell Burnell à BBC, acrescentando que que usar o dinheiro para contrariar o “viés inconsciente” que diz acontecer nos trabalhos de pesquisa em física.
ZAP // LiveScience / BBC
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