O cientista Rolf Hut, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, tem um plano ambicioso: transformar cada guarda-chuva do mundo numa pequena estação meteorológica.
E Rolf Hut já tem um protótipo. A sua invenção usa um pequeno sensor que detecta gotas de chuva que caem sobre o tecido do guarda-chuva e envia informações por bluetooth, um tipo de rede sem fio, para um telemóvel, que por sua vez transmite os dados para um computador.
Na visão de Hut, milhares desses equipamentos em acção trariam melhorias significativas para a medição do clima.
“Hoje usamos satélites e radares, mas não medimos a chuva quando ela atinge o solo, como costumávamos fazer. É muito caro manter um aparelho de medição tradicional”, disse o investigador à BBC.
“Por isso, o número desses aparelhos em uso por agências meteorológicas está a cair, e isso é um problema na gestão de recursos hídricos ou para a pesquisa hidrológica porque já não há forma de ter dados suficientes como antes.”
Resultados animadores
Hut apresentou o seu protótipo de guarda-chuva inteligente na assembleia geral da União Europeia de Geociências, em Viena, na Áustria.
O sensor acoplado à cobertura do guarda-chuva mede a vibração gerada pelas gotas de água. O sensor fica ligado a um aparelho que transmite sinais por bluetooth para um programa instalado no telemóvel, que envia a informação para um portátil.
Segundo Hut, os resultados dos testes feitos no seu laboratório e no quintal de sua casa foram animadores e indicam que vale a pena prosseguir com o desenvolvimento da ideia.
“Um dia, todos os guarda-chuvas poderiam vir com este tipo de tecnologia, ou pelo menos os modelos mais caros. Para começar a enviar dados, bastaria abrir o guarda-chuva”, diz o cientista.
“Teríamos assim centenas de medidores a circular por uma cidade, o que melhoraria muito nossa capacidade de compreender a hidrologia urbana, de prever inundações e tomar medidas quando houver uma situação crítica.”
Para-brisas inteligente
Outros grupos de cientistas têm investigado abordagens similares com para-brisas inteligentes que accionam automaticamente os limpa-vidros de um carro quando detectam chuva e ajustam a velocidade conforme a intensidade da chuva.
Uma análise feita pelo cientista Chris Kidd, da Nasa, revelou que o número de medidores de chuva em uso actualmente é pequeno e dificilmente fornecem dados em tempo real.
Além disso, Kidd explica que as informações produzidas por satélites e radares devem ser complementadas com os dados coletados no solo:
“Temos que encontrar formas de melhorar isto. Há um projecto interessante em Sahel, África, em que eos fazendeiros são pagos para recolher dados e pela manutenção dos medidores. Assim, eles têm incentivos para manter tudo em bom funcionamento.”
E em Portugal Continental, como vai ser amanhã? Céu pouco nublado, vento fraco e temperatura máxima de 22°C – quase de certeza.
ZAP/BBC