Dados científicos recolhidos graças a um dispositivo instalado na Lua pelas missões Apolo permitem calcular quando é que a Terra vai ter 25 horas por dia. Mas não se apoquente demasiado – quando isso acontecer, não é certo que a raça humana ande por cá.
O exercício de previsão do alongamento dos dias na Terra foi realizado feito pela astrofísica britânica Jillian Scudder, da Universidad de Sussex, no Reino Unido, num artigo para a revista Forbes.
Segundo a cientista, todos os anos a Lua desacelera a rotação da Terra, recebendo um pouco mais de energia do nosso planeta e afastando-se gradualmente dele.
Este movimento só é detectável através do dispositivo instalada na Lua pelas missões Apolo, especialmente pelo retro-reflector da matriz Lunar Laser Ranging Experiment, que permite aos cientistas apontar-lhe um raio laser a partir da Terra, e medir o tempo que demora a voltar depois de reflectido na no espelho instalado na Lua.
Este dispositivo permitiu apurar que, nos últimos 100 anos, a rotação da Terra abrandou cerca de 0,0014 segundos, conforme escreve Jillian Scudder no seu artigo.
Outro modo de apurar aquele desaceleramento é através do registo dos eclipses solares que apontam que, a cada Século, a Terra terá abrandado a rotação em 0,0025 segundos.
Assim, “para extrapolar para o futuro”, a astrofísica britânica tem em conta o resultado médio daqueles dois números, ou seja, 0,002 segundos, o que permite calcular que, para abrandar a rotação da Terra em 0,5 segundos, são precisos 25 mil anos.
Uma vez que uma hora tem 3.600 segundos, para travar o movimento da Terra em apenas uma hora, será preciso esperar 180 milhões de anos, diz Jillian Scudder.
“De vez em quando, um poderoso terramoto atacará, algures, na Terra e as notícias vão reportar que os dias do planeta encolheram de novo – mas este efeito é ainda mais pequeno do que o da Lua”, garante a astrofísica.
Scudder lembra o terramoto de 9.0 que abalou o Japão, há poucos anos, e nota que este só encurtou a duração dos nossos dias num micro-segundo – “um efeito mil vezes mais pequeno do que o abrandar dos nossos dias promovido pela Lua”, constata.
Deste modo, “seriam precisos mil terramotos tão fortes como aquele, num Século, de modo a cancelar o que a Lua está a fazer à distância”, conclui Jillian Scudder.