/

Ciência por trás do café com leite pode ser aplicada a outros materiais

Cientistas dos Estados Unidos analisaram a formação de camadas de líquido ao preparar um café com leite e concluíram que o mesmo sistema pode ser utilizado para criar efeitos parecidos noutros materiais suaves, informou a revista científica Nature Communications.

Os especialistas, dirigidos por Howard Stone, da Universidade de Princeton, fizeram vários experimentos, nos quais despejaram café expresso quente em leite morno com velocidades diferentes, com o objetivo de analisar como os dois tipos de líquido interagiam.

De acordo com o estudo, publicado na terça-feira, quando o café é derramado rapidamente no leite, formam-se camadas diferenciadas de líquido, enquanto que, em velocidades mais lentas, o café e o leite simplesmente se misturam.

Os cientistas afirmam que a descoberta “serve para identificar um método simples que permite gerar estruturas com camadas em materiais suaves“.

Stone e os colegas queriam saber como é que as estruturas com camadas podem ser criadas em situações quotidianas, como na preparação de um “latte”.

Sabe-se que, em materiais líquidos, diferentes padrões podem ocorrer quando um gradiente de calor faz com que um fluido se aqueça e se torne mais leve, e outro faz com que ele se esfrie e fique mais denso, dando origem a células convectivas.

Os especialistas explicam que a concorrência entre dois tipos de gradiente pode levar a um efeito semelhante, chamado “convecção de difusão dupla”, como acontece com a formação de camadas nos oceanos devido à concorrência entre as concentrações de salinidade e a variação de temperatura.

No caso do café com leite, a equipa constatou que “a convecção de difusão dupla é o mecanismo responsável pelo surgimento camadas de densidade” na bebida.

Segundo os especialistas, “há uma concorrência entre o gradiente térmico, devido à diferença de temperatura entre o expresso quente e o leite morno, e um gradiente de densidade, causado pela injeção de expresso”.

Os cientistas afirmam que existe “uma velocidade de injeção crítica, que é preciso alcançar para que surjam as camadas, já que, em velocidades mais lentas, os líquidos misturam-se, em vez de se separarem por camadas”.

Os especialistas americanos acreditam que este exemplo quotidiano pode servir de referência “para produzir camadas em materiais suaves de maneira fácil e repetida em um contexto industrial”.

Os cientistas consideram que a proposta de “estratégia para gerar camadas” pode ser especialmente útil na ciência dos alimentos e dos materiais.

ZAP // EFE

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.