Rovaniemi, capital da Lapónia, a norte da Finlândia, é oficialmente a terra do Pai Natal. Quem lá for no dia 25 de dezembro ou até em pleno agosto, vai encontrar uma árvore de Natal enfeitadas, luzes, desenhos de renas, elfos e um Pai Natal.
Transformar Rovaniemi na terra do Papai Natal foi muito mais uma decisão económica do que uma eventual preocupação em honrar uma tradição. Atualmente, cerca de 500 mil pessoas por ano visitam o município de 63 mil habitantes.
Para a capital da Lapónia, o verdadeiro milagre do Natal foi trazer turismo para um local longínquo e que foi quase exterminado nos anos 1940. Durante a II Guerra Mundial, 90% dos imóveis de Rovaniemi foram destruídos. Anos depois, graças a esforços governamentais e financiamento da ONU, o local foi reconstruido.
Os principais edifícios públicos foram concebidos pelo arquiteto Alvar Aalto. Curiosamente, o plano urbanístico, visto de cima, parece a cabeça de uma rena. O turismo passou a ser utilizado como força motriz para a recuperação da região. Em 1957, a secção de viagens do New York Times já recomendava uma visita ao “deserto do norte da Europa”.
Mas a cereja do bolo viria apenas nos anos 1980, ano em que a Vila do Pai Natal seria construída, a 8 quilómetros da cidade. Ideia do departamento de turismo finlandês, foi concretizada na gestão do então governador da Lapônia Asko Oinas, que em dezembro de 1984 decretou a cidade como “sede oficial” do Pai Natal.
O complexo foi inaugurado em 1985. A divulgação para o turismo ganharia força quatro anos mais tarde, quando as 16 maiores empresas finlandesas se uniriam e criariam a Associação da Terra do Pai Natal. A partir de então, o país passou a enviar Pais Natais treinados a eventos de turismo em todo o globo para promover a região.
A história de como a cidade se tornou a terra do pai Natal é pitoresca, já que o mito deriva do religioso católico São Nicolau de Mira, que nasceu, viveu e morreu na Ásia Menor, onde hoje é a Turquia, provavelmente entre os anos de 270 e 343.
Tudo começou quando, no fim dos anos 1860, a revista feminina norte-americana Harper’s Bazaar passou a publicar ilustrações do Pai Natal como sendo um habitante do Polo Norte, ambiente naturalmente propício para renas.
Entre 1927 e 1956, o jornalista e locutor de rádio Elner Markus Rautio encarnou o personagem Tio Markus na rádio estatal finlandesa. O jornalista tinha um programa infantil no qual trazia o Pai Natal, identificando-o sempre como um morador da Finlândia.
Tio Markus dizia que o Pai Natal vivia em Korvatunturi, uma montanha na fronteira entre a Finlândia e a Rússia, no município de Savukoski. Korvatunturi significa algo como “penhasco da orelha” em finlandês. Na rádio, Tio Markus enfatizava uma característica do Pai Natal até hoje conhecida: ouvir o pedido de cada criança.
A vila do Pai Natal
A vila em Rovaniemi é um complexo de edifícios em que funcionam um hotel, dois restaurantes, lojas temáticas, o recanto do Pai Natal e o correio. Como parte das atrações, é possível interagir com renas e, se houver neve, pilotar uma moto de neve.
O trono do Pai Natal fica no centro de uma das casas. Chega-se até ele depois de um percurso em que a história do Natal é retratada com cenas temáticas cenográficas. O Pai Natal não sai da personagem nem quando interage com adultos.
A agência dos correios que funciona na Vila é uma agência real, operada pela Posti, o sistema de correios da Finlândia. É a única que tem um carimbo exclusivo do círculo polar ártico. De acordo com dados da Posti, desde 1985, quando a agência foi criada, o Pai Natal já recebeu 15 milhões de cartas de 198 países diferentes.
ZAP // BBC