Cientistas desenharam um plano segundo o qual, matematicamente falando, seria possível construir uma “cidade-asteroide” no Espaço.
Se conhece a série “The Expanse“, da Netflix, provavelmente está com um pequeno brilho nos olhos ao ler sobre a hipótese de a humanidade colonizar o Sistema Solar. Se não conhece, certamente também não ficará indiferente.
“O nosso artigo vive no limite da ciência e da ficção científica”, disse Adam Frank, professor de física e astronomia da Universidade de Rochester, citado pelo site Freethink.
“Estamos a pegar numa ideia de ficção científica que tem sido muito popular recentemente – em programas de TV como “The Expanse” – e a oferecer um novo caminho para usar um asteroide para construir uma cidade no Espaço”, acrescentou.
A ideia é assumidamente arrojada, mas os cientistas acreditam que uma “cidade-asteroide” pode mesmo funcionar.
Quando pensa numa cidade no Espaço, provavelmente imagina aquilo que é conhecido como o “cilindro de O’Neill”.
Também conhecido como “Ilha Três”, esta utópica metrópole é formada por dois enormes cilindros que rodam em sentidos contrários, interconectados nas pontas por um eixo através de um sistema de rolamentos. O conceito deste tipo de habitação espacial foi criado e proposto pelo físico Gerard K. O’Neill no seu livro “The High Frontier: Human Colonies in Space”.
Uma das principais limitações do cilindro de O’Neill é o preço da sua construção. Como tal, os investigadores propõem que se aproveitem os asteroides do Espaço, construindo em cima deles e, de seguida, fazendo-os girar.
“Todas aquelas montanhas voadoras a girar em torno do Sol podem fornecer um caminho mais rápido, mais barato e mais eficaz para as cidades espaciais”, disse Frank. Como brinde, toda aquela rocha poderia até ajudar a proteger da radiação espacial.
Até aqui tudo certo. No entanto, ao fazer a matemática, os investigadores perceberam que os asteroides vão desintegrar-se antes de atingirem a velocidade necessária para manter os nossos pés no chão.
Foi então que lhe surgiu uma solução possível: um saco gigante.
Mais concretamente, os autores falam de um saco de malha gigante, flexível e leve, feito de nanofibras de carbono – tubos com apenas alguns átomos de diâmetro.
“Um saco de contenção cilíndrico construído a partir de nanotubos de carbono seria extremamente leve em relação à massa dos escombros do asteróide e do habitat, mas forte o suficiente para manter tudo junto”, disse o coautor Peter Miklavčič.
Depois de ter o asteroide coberto pelo saco, põe-se a girar para criar gravidade. O saco apanha os escombros lançados como resultado da força da rotação e cria uma camada que protege da radiação.
“Com base nos nossos cálculos, um asteróide de 300 metros de diâmetro poderia ser expandido para um habitat espacial cilíndrico com cerca de 57 quilómetros quadrados de área útil”, disse Frank. “É mais ou menos do tamanho de Manhattan” — maior do que a cidade do Porto, que tem 41 quilómetros quadrados.