Um movimento de cidadãos está a preparar para domingo um cordão humano para “salvar da ruína” a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, que pertenceu ao antigo cônsul português Aristides de Sousa Mendes.
Em declarações à agência Lusa, António Gallobar, um dos impulsionadores do movimento de cidadãos que se formou nas redes sociais, explicou que esta iniciativa surge para “acordar consciências”, recordando que “a Casa do Passal continua a desmoronar-se com o tempo”.
“Trata-se de um grito dos cidadãos, que pretende dizer que isto não pode continuar a acontecer. A casa de Aristides de Sousa Mendes foi classificada como edifício de interesse público. No entanto, vai caindo aos pedaços”, alegou.
Nesta quinta-feira, completam-se 60 anos desde a morte de Aristides de Sousa Mendes, em Lisboa, a 3 de abril de 1054.
Homenagem ao “Schindler português”
Para António Gallobar, concretizar a recuperação da Casa do Passal é a melhor homenagem que pode ser prestada ao antigo cônsul português em Bordéus, durante a Segunda Guerra Mundial, e que resgatou 30 mil pessoas do Holocausto.
“O objetivo é sensibilizar para o restauro do património edificado que se encontra perto da ruína total, transformando a casa num museu, aproveitando a data em que se comemora a passagem do 60º aniversário sobre a morte de Aristides de Sousa Mendes”, evidenciou.
Para além do cordão humano, para a tarde de domingo, entre as 13h30 e às 17h, está a ser preparado um conjunto de discursos alusivos à vida e obra do antigo diplomata e ainda uma homenagem com colocação de coroas de flores junto ao seu túmulo, no cemitério de Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, distrito de Viseu.
“Estimamos que estejam presentes cerca de duas mil pessoas, vindas de vários pontos do país e até do estrangeiro. Contamos ter no evento familiares descendentes diretos do cônsul, bem como algumas figuras públicas e órgãos administrativos e de Estado”, informou.
“A dívida que o Estado tem”
António Moncada, neto de Aristides de Sousa Mendes, confirmou que vai marcar presença na iniciativa da sociedade civil, que considera ser “uma prova espontânea de vários cidadãos que têm memória”.
O familiar do antigo cônsul de Bordéus realçou que é urgente avançar com as obras na Casa do Passal, lamentando que “a dívida que o Estado tem” com o seu avô esteja a arrastar-se por tanto tempo.
“Mais do que fazer da Casa do Passal um museu, gostaríamos que fosse muito mais do que um lugar para ver fotografias. A ideia é ser também um espaço onde se debatam os direitos humanos”, concluiu.
Em setembro de 2013, foi anunciado que a Casa do Passal iria ser alvo, em breve, de obras de recuperação orçadas em 360 mil euros, para evitar a sua ruína.
Este foi um dos projetos de recuperação de património apresentados pela Direção Regional de Cultura ao Programa Mais Centro, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
/Lusa