Chuva de mísseis russos atinge várias cidades ucranianas e mata civis

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Alkis Konstantinidis / Reuters

O presidente da câmara de Kiev, Vitaly Klitschko, indicou que pelo menos três mísseis russos atingiram edifícios residenciais.

“No bairro de Petchersk, num dos prédios atingidos, as equipas de salvamento encontraram o cadáver de uma pessoa”, lamentou, na plataforma digital Telegram. “As operações de busca e resgate prosseguem”, acrescentou Klitschko.

Entretanto, após os bombardeamentos russos, a situação da rede elétrica no país “é crítica”, lamentou a Presidência ucraniana, na sequência dos ataques a infraestruturas de produção de energia elétrica em diversas regiões. O fornecimento de internet também está a sofrer interrupções.

“Os terroristas russos levaram a cabo um novo ataque planeado contra as infraestruturas energéticas. A situação é crítica”, escreveu no Telegram o chefe-adjunto do gabinete da Presidência ucraniana, Kyrylo Tymochenko.

Segundo o responsável, a situação em Kiev, atingida por vários mísseis, está “extremamente difícil”. “Foram impostos horários específicos para cortes de [energia elétrica] de emergência”, acrescentou.

De acordo com um porta-voz da Força Aérea ucraniana, a Rússia lançou hoje “cerca de” 100 mísseis sobre a Ucrânia, destruindo várias infraestruturas energéticas essenciais em diversas regiões. Metade da capital estará sem energia devido ao ataque russo.

“Cerca de 100 mísseis foram disparados (…) a partir do mar Cáspio, a região [russa] de Rostov”, e também “a partir do mar Negro”, indicou Iuri Ignat em direto na televisão ucraniana, precisando que “até agora, não se registou a utilização de ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) de ataque”.

As cidades ucranianas de Lviv (oeste) e Kharkiv (nordeste) também foram alvo de bombardeamentos russos, indicaram os respetivos presidentes da câmara, sem fornecer ainda dados sobre vítimas.

“Estão a ouvir-se explosões em Lviv. Mantenham-se abrigados!”, exortou na plataforma digital Telegram o autarca de Lviv, Andriï Sadovy, precisando que “uma parte da cidade está sem eletricidade”. “Ataque com mísseis à zona de Industrialniï, em Kharkiv”, indicou, por sua vez, o seu homólogo da segunda cidade da Ucrânia, Igor Terekhov.

Os responsáveis das administrações regionais de Kryvyi Rih, Oleksandr Vilkul, e de Mykolaiv, Vitaly Kim, assim como o governador de Chernihiv, Vyacheslav Chaus, também pediram aos civis para se protegerem.

“Vamos sobreviver”

Este é o primeiro ataque deste género desde a retirada das tropas russas de Kherson, há mais de uma semana, e ocorre na altura em que os líderes mundiais estão reunidos em Bali, para a reunião do G20, para onde a Ucrânia foi convidada a participar.

O ataque acontece horas depois de Zelenskyy ter defendido que “é tempo” de acabar com a guerra “destrutiva” da Rússia. Para o representante permanente da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, a Rússia “cuspiu na cara” dos participantes do G20 com estes ataques às cidades.

“Está claro o que o inimigo quer. Não atingirá o seu objetivo. Eu sei que os ataques desligaram a energia em muitos lugares… Estamos a trabalhar, vamos restaurar tudo, vamos sobreviver“, assegurou Volodymyr Zelenskyy, num vídeo no Telegram onde reage à situação.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Esta guerra está a ser gerida por gente muito ingénua. “É o princípio do fim da guerra”, disse alguém. E o gangster contrariou-o logo. Enfim, vamos ter pântano para muito tempo. E mais valia terem tento na língua.

  2. E o pior é que hoje caíram na Polónia 2 mísseis que mataram duas pessoas a 120 kms da fronteira com a Ucrânia. Este tipo de acontecimentos pode provocar uma terceira guerra mundial. Vejamos como tudo evolui.

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