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A exposição ao chumbo diminuiu o QI dos americanos em 824 milhões de pontos desde 1940

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Ruben de Rijcke / Wikimedia

A proibição do uso da gasolina com chumbo em 1996 ajudou a colmatar o problema

Os autores vão agora debruçar-se sobre o impacto cognitivo a longo prazo da exposição ao chumbo e vão ter em conta as disparidades raciais.

A exposição ao chumbo nos Estados Unidos durante a infância pode ter tido um impacto muito maior e preocupante do que se pensava. De acordo com um novo estudo publicado na PNAS, 54% dos adultos norte-americanos vivos em 2015 foram expostos a níveis perigosos de chumbo quando eram crianças.

A investigação baseou-se em análises ao uso de gases com chumbo desde 1940 e combinou-as com dados sobre os níveis de chumbo no sangue desde os meados dos anos 70.

Os resultados mostram que mais de 170 milhões de adultos têm assim um maior risco de doenças neurodegenerativas, problemas mentais e doenças cardiovasculares, escreve o Science Alert.

A exposição ao chumbo nunca é segura, mas tem consequências ainda mais graves nas crianças, causando problemas comportamentais e atrasando o desenvolvimento do cérebro. Os cientistas estimam que, no total, o chumbo tenha reduzido o QI cumulativo da nação em 824 milhões de pontos, quase três pontos por pessoa.

Este valor refere-se apenas à média, já que aqueles que nasceram nas décadas de 60 e 70, quando o uso de gasolina com chumbo era maior, podem ter sofrido uma quebra de entre seis a sete pontos, visto que a sua exposição era oito vezes superior aos limites de saúde actuais.

Desde que o governo dos EUA proibiu a venda de gasolina com chumbo em 1996 que a exposição na infância tem caído, mas os efeitos ainda se notam em muitos cidadãos. As crianças nascidas depois de 1996 têm valores de chumbo no sangue muito menores do que os seus pais ou avós, mas os números ainda são muito altos em comparação com as gerações nascidas antes da revolução industrial.

A exposição ao chumbo também não é uniforme entre a população e notam-se grandes disparidades raciais. Os adultos negros acima dos 45 anos têm níveis de exposição muito superiores aos brancos da mesma faixa etária e a disparidade racial ainda é notória entre os jovens nascidos depois de 1996.

Os autores do estudo vão agora examinar as consequências a longo-prazo da exposição ao chumbo e ter em conta as diferenças demográficas no impacto na saúde, como as doenças de rins, a demência e as doenças coronárias.

“Ao dar estimativas mais completas do número de pessoas expostas a chumbo no início da vida, este estudo dá um passo considerável para entendermos a extensão completa dos danos feitos à população dos EUA num domínio específico: a capacidade cognitiva“, concluem os autores.

Adriana Peixoto, ZAP //

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