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O maior consumidor de ouro do mundo, a China, vai ser o centro mundial que determina o seu preço. Esta previsão foi feita por peritos russos, após à abertura, no passado dia 18, da bolsa de valores de ouro de Shangai, que terá acesso directo a 40 comerciantes internacionais.
Os comerciantes internacionais de ouro têm acesso a três tipos de contrato na Bolsa de Ouro de Shangai, para a aquisição de lingotes de ouro com uma pureza de 99,9% e com o peso de 100 gramas, 1 e 12,5 quilogramas.
Anteriormente, o mercado de ouro da China estava acessível apenas a um reduzido número de residentes da China, através de “filhas” chinesas. Actualmente, o acesso é garantido a 40 membros internacionais registados na bolsa de valores.
Na mira da nova Bolsa de Shangai estão bancos internacionais de investimento importantes como a Goldman Sachs, o UBS, o HSBC, o Australia & New Zealand Banking Group ou a Standard Chartered PLC.
Refira-se que a HSBC, a par do Deutsche Bank, Société Générale, Scotia Mocatta e Barclays Capital, fazem parte do “quinteto de ouro” que determina o preço financeiro do ouro. Este é determinado no mercado interbancário de ouro de Londres.
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A abertura, pela China, do seu próprio mercado de ouro para investidores estrangeiros fará coincidir o epicentro do consumo do ouro com o da formação do seu preço.
Segundo o especialista financeiro Serguei Khestanov, citado pela RVR, “há muito que a China se tornou num dos maiores produtores e utilizadores de ouro. O centro de consumo de ouro transferiu-se para o sudeste asiático. Contudo, o local de formação do preço do ouro continua a ser em Londres, onde os cinco maiores comerciantes de ouro praticamente determinam o preço mundial”.
Essa contradição levou as autoridades chinesas a liberalizar a venda do ouro, uma medida bastante coincidente com a tendência actual das autoridades chinesas de liberalização da esfera financeira.
Até há pouco tempo, o mercado de ouro chinês estava relativamente limitado, razão pela qual os preços na China e em Londres divergiram, até recentemente, em 30 a 40 dólares por onça.
Shangai concorre agora para o lugar de praça que determinará o preço do ouro para toda a Ásia.
Os contratos de ouro em yuan já são negociados na bolsa de Hong-Kong. Mas a bolsa de ouro de Shangai será o maior mercado da China.
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Segundo o especialista Yakov Berger, “Shangai será o centro mundial de comércio de ouro e de divisa, a par de Londres e Nova York. Trata-se de uma política dirigida, que transformará Shangai no centro financeiro mundial”.
De acordo com Berger, “o país tem uma enorme reserva de ouro. A participação de grandes reservas de ouro no jogo da bolsa define também a política mundial, os preços a nível mundial nesse sector. Por isso é que a China usa o ouro para reforçar a sua posição financeira”
“A introdução na Bolsa de Shangai das maiores empresas mundiais que trabalham com ouro, transforma a China, de forma orientada, mais forte jogador do sector”, diz Berger, “e prepara o terreno, aos poucos, para a conversão do yuan em divisa de reserva financeira”.
ZAP / RVR