A China, o maior consumidor mundial de marfim, anunciou na sexta-feira que vai proibir todo o comércio e transformação deste material até ao final de 2017.
“Para proteger melhor os elefantes e combater melhor o tráfico, a China vai parar progressivamente a venda e a transformação com fins comerciais do marfim e de objetos de marfim” até ao final de 2017, lê-se num comunicado do Conselho de Estado chinês.
Até 31 de março, deverão cessar as atividades de um primeiro grupo de ateliês e vendedores, segundo o mesmo texto.
O marfim é muito procurado na China, onde o preço pode chegar a mais de mil euros por quilo. É um símbolo de estatuto social elevado e a procura na China alimenta anualmente o massacre de milhares de elefantes em África, asseguram organizações internacionais.
Segundo associações ambientalistas, mais de 20 mil elefantes foram abatidos no ano passado por causa do marfim. O Fundo Mundial para a Natureza, World Wild Life, alerta que a população de elefantes no mundo está reduzida a 415 mil exemplares.
Pequim é um dos signatários da CITES, Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, que abrange matérias e objetos considerados uma ameaça para os elefantes.
No entanto, a China continua a ser o maior consumidor mundial de marfim de contrabando e nunca proibiu, por exemplo, a revenda de marfim comprado antes da proibição definida na CITES, em 1989.
O WWF já se congratulou com a decisão de Pequim anunciada na sexta-feira, saudando “o calendário estabelecido pela China para salvar os elefantes da extinção”.
As organizações internacionais esperam agora que Hong Kong, uma região chinesa com administração especial, gozando por isso de autonomia em relação a Pequim, acabe com o comércio de marfim até 2021.
“Com o mercado chinês fechado, Hong Kong pode tornar-se no mercado preferido dos traficantes”, afirmou uma responsável da WWF, Cheryl Lo, citada pela agência AFP.
Entre 800 e 900 negócios de contrabando ilegal de marfim são descobertos todos os anos na China, segundo dados oficiais.
O segundo destino do marfim ilegal são os Estados Unidos, que em junho anunciaram uma proibição quase total do comércio deste material oriundo de África. No entanto, mantém exceções, como as antiguidades.
Também a China continuará a permitir a venda de antiguidades em marfim devidamente identificadas e oriundas de “fontes legítimas”, garantiu o Governo chinês.
// Lusa