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China vai levar insetos e plantas à superfície da Lua este ano

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NASA

A face oculta da Lua: foto obtida em 1968 pela missão Apollo 8

Não seria considerado um exagero, a esta altura, dizer que vivemos numa era de exploração espacial renovada.

A Lua, em particular, tornou-se o foco de atenção nos mais recentes anos. Além da recente ordem de Trump para a NASA voltar a focar-se na Lua, muitas outras agências espaciais e companhias privadas aeroespaciais estão a planear as suas próprias missões à superfície lunar.

Um bom exemplo disso é o Programa de Exploração Lunar Chinês (CLEP), também conhecido como Chang’e Program.

Nomeado em homenagem à antiga deusa lunar da China, este programa já enviou duas naves orbitais e um módulo de aterragem. E mas tarde, ainda este ano, a missão Chang’e 4 começará a partir para o outro lado da Lua, onde vai estudar a geologia local e testar os efeitos da gravidade lunar em insetos e plantas.

A missão vai consistir no lançamento de uma nave orbital de retransmissão a bordo de um foguete Long March 5 em junho de 2018. A retransmissão assume uma órbita à volta do ponto Lagrange L2 Terra-Lua, seguido do laçamento do módulo de aterragem cerca de seis meses depois.

Além de um conjunto avançado de instrumentos para estudar a superfície lunar, o módulo de aterragem também vai carregar um recipiente de alumínio cheio de sementes e insetos.

O designer do recipiente, Zhang Yuanxun, explicou ao China Daily que a “embalagem vai enviar batatas, sementes de arabdopsis – uma flor da Ásia e da Europa – e ovos de bicho-da-seda para a superfície lunar. Os ovos também vão chocar bichos-da-seda capazes de produzir dióxido de carbono, enquanto que as batatas e sementes emitem oxigénio através da fotossíntese. Juntos, conseguem formar um ecossistema simples na Lua”.

Esta também será a primeira vez que uma missão é enviada para uma região inexplorada no lado oculto da Lua.

Esta região não é outra senão a Bacia do Pólo Sul-Aitken, uma vasta região de impacto no hemisfério sul. Com aproximadamente 2500 quilómetros de diâmetro e 13 km de profundidade, é a maior bacia de impacto da Lua e uma das maiores do Sistema Solar.

Esta bacia é também uma fonte de grande interesse para os cientistas, e não é apenas por causa do seu tamanho.

Em anos recentes, foi descoberto que a região contém água gelada. Os cientistas acreditam que se trata do resultado do impacto de meteoros e asteróides que deixaram água gelada que sobreviveu graças ao facto da região estar permanentemente debaixo de sombra.

Sem luz solar direta, a água gelada naquelas crateras não foi sujeita a sublimação e dissociação química.

Graças à descoberta de água no estado líquido a comunidade de exploração espacial definiu que aquele será o melhor local para estabelecer uma base lunar. A este respeito, a missão Chang’E 4 está a investigar a possibilidade de os humanos viverem e trabalharem na Lua.

Além de nos dizer mais sobre o terreno local, também responderia à questão se organismos extraterrestres conseguiriam crescer e prosperar na gravidade lunar – que é cerca de 16% da da Terra.

Os futuros resultados da missão Chang’E 4 podem abrir a porta a que outras agências espaciais (como a NASA, ou a ESA – que já falaram nessa possibilidade) enviem para lá robôs e até materiais de construção ainda este ano.

4 Comments

  1. A notícia dá a entender que a Bacia do Pólo Sul-Aitken tem 13 mil quilómetros de profundidade quando na realidade são 13 quilómetros.

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