Plano inclui exploração de Marte, ida à Lua, procura de planetas habitáveis ou até a busca pela origem do Universo, revelou o país asiático esta terça-feira. E as relações com a Rússia estão no “nível mais elevado da História”.
A China revelou esta terça-feira um plano para se tornar líder mundial em ciências espaciais até 2050, aproveitando o seu progresso na exploração do espaço, que inclui já a construção de uma estação espacial e trazer rochas da lua.
“A investigação em ciências espaciais do nosso país está ainda numa fase inicial”, começou por sublinhar Ding Chibiao, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências, o principal instituto científico do país, em conferência de imprensa.
O plano, publicado conjuntamente com a Administração Espacial Nacional da China e o Gabinete de Engenharia Espacial Tripulada da China, visa realizar feitos marcantes “com uma influência internacional significativa”, que impulsionem avanços na inovação e transformem a China numa potência no estudo do Espaço.
Plano com três fases
O Plano Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento das Ciências Espaciais (2024-2050), dividido em três fases, prevê que a China realize entre cinco e oito missões científicas até 2027, com o objetivo de fazer descobertas significativas no domínio da astronomia de alta energia e da exploração de Marte e da Lua.
Entre 2028 e 2035, vão ser efetuadas 15 missões, incluindo algumas de especial relevância, na procura de planetas habitáveis e no estudo das ondas gravitacionais.
Na fase 2036-2050, o país aspira a realizar mais de 30 missões espaciais, com o objetivo de fazer progressos em domínios como a origem do Universo e a exploração tripulada.
Entre as áreas prioritárias do plano está a investigação sobre a origem e a evolução do cosmos, o estudo das ondas gravitacionais para explorar fenómenos como a formação de buracos negros e a natureza do espaço-tempo e a ligação Sol-Terra, centrada na análise do impacto da atividade solar no clima espacial e na tecnologia da Terra.
Será dada ainda prioridade à procura de planetas habitáveis dentro e fora do sistema solar, investigando o seu potencial para albergar vida.
Astronautas na Lua até 2030
Além de colocar em órbita uma estação espacial, a China já aterrou uma sonda em Marte.
O seu objetivo é colocar uma pessoa na Lua antes de 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos. O país também planeia construir uma estação de investigação na Lua.
O trabalho visa possibilitar no futuro uma “curta estadia na Lua”, uma “exploração conjunta homem-máquina” e as tarefas de “pouso na lua, movimentos na superfície, recolha de minerais, pesquisa científica e retorno à Terra”, disse Lin.
A China já conseguiu pousar a sonda Chang’e 4 no lado da Lua não visível a partir da Terra em 2019, tornando-se o primeiro país a fazê-lo.
O programa lunar faz parte de uma rivalidade crescente com os Estados Unidos — ainda líder na exploração espacial — e outros países, incluindo o Japão e a Índia. Os Estados Unidos estão a planear colocar astronautas na Lua pela primeira vez em mais de 50 anos, embora a NASA tenha adiado a data prevista para 2026, no início deste ano.
Os EUA lançaram esta semana uma nave espacial numa viagem de cinco anos e meio com destino a Júpiter, onde tentará estudar uma das luas do planeta para ver se o seu vasto oceano oculto contém vida.
Relações com Rússia no “nível mais elevado da História”
O vice-presidente do principal órgão militar chinês, Zhang Youxia, disse esta terça-feira ao ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que as relações bilaterais atingiram “o nível mais elevado da História” e que Pequim quer “continuar a trabalhar” com Moscovo.
O ministro russo está na China para o segundo dia da sua visita oficial, sendo a guerra na Ucrânia um dos principais temas da agenda.
A visita surge uma semana antes de o Presidente chinês, Xi Jinping, se deslocar à Rússia para participar na cimeira dos BRICS.
ZAP // Lusa