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Oficial: a China já não domina a economia mundial

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Mark R. Cristino / EPA

O Presidente chinês, Xi Jinping

É o fim de uma era na economia chinesa. Não houve tempo para parar e corrigir os diversos erros: a China só pensava em dinheiro.

Durante os últimos 30 anos, a China desfrutou de um superciclo de crescimento económico sem paralelo.

Tornou-se um ponto focal para a procura global e um mercado lucrativo para empresas estrangeiras.

Mas há sinais que indicam que essa era está a chegar ao fim e o seu impacto está a repercutir-se em todo o mundo.

A China só pensava em dinheiro. O Partido Comunista Chinês, que domina o país, só se focava no desenvolvimento económico do país.

Pelo meio cometeu erros políticos: enorme bolha no mercado imobiliário, dívidas enormes em várias províncias, falta de transição para economia de mercado e dependência excessiva do investimento, elenca o Insider.

Não houve tempo para parar para fazer correcções: a China estava apenas preocupada com o dinheiro.

Poder

Agora o presidente Xi Jinping mudou o foco do país do crescimento económico para o poder nacional.

Com esta mudança ideológica, o Governo chinês já não está interessado em estimular a sua economia em períodos de recessão, como fazia.

O foco já não está apenas na economia, mas também na tecnologia avançada e no armamento.

Esta mudança é um problema, por exemplo, para as empresas dos EUA: têm de reconsiderar as suas dependências de cadeias de fornecimento e estratégias de mercado.

O mercado imobiliário chinês, um sector crítico da economia, há muito que é problemático mas está agora à beira do colapso. Empresas como a Country Garden e a Evergrande estão à beira da falência, e parece que o Governo não vai salvá-las.

Há incerteza entre os consumidores, há diminuição da procura. A situação é grave.

Deflação e posição do PC

Enquanto o mundo lida com a inflação, a China está presa no contrário: numa deflação, mostrando uma falta geral de procura interna.

Os números das exportações também diminuíram, reflectindo uma mudança mais permanente nas cadeias de fornecimento globais.

Estes problemas estruturais originaram projecções de um lento crescimento de 3,8% para a economia chinesa em 2023.

O Partido Comunista Chinês está numa posição difícil. A queda dos preços imobiliários e um mercado de exportação em declínio poderiam levar a agitação social.

Os responsáveis políticos estão relutantes em corrigir esses desequilíbrios económicos porque têm medo de perder o controlo do poder.

Mas a China está mesmo – e constantemente – numa crise financeira.

Envelhecimento

Para além dos problemas imediatos, a China também tem de se preocupar com a sua população cada vez mais idosa. O país vai envelhecer antes de enriquecer, colocando uma pressão tremenda na sua já frágil rede de segurança social.

O governo parece estar a conservar os seus recursos para estas questões a longo prazo em vez de estimular a economia agora.

Em conclusão, a mudança da China de uma política centrada no crescimento para uma centrada no poder tem implicações globais de grande alcance. Embora Pequim pareça disposta a aceitar os riscos económicos envolvidos, o mundo deve preparar-se para uma China diferente da potência económica que já foi.

Vai mudar? Nem por isso

O Governo da China não gastou dinheiro (e não parece ter vontade para gastar dinheiro) em programas sociais para a sua população envelhecida, nem fez qualquer tentativa para resolver o custo de vida das famílias jovens.

Os menos jovens e o nível de vida dos mais jovens não são prioridade para os responsáveis políticos em Pequim.

Ou melhor, para Xi Jinping. Todas as decisões passam pelo presidente, que tem com prioridade gastar dinheiro para se envolver numa disputa tecnológica e de segurança nacional com os EUA.

ZAP //

2 Comments

  1. E novidades?
    Isto é exactamente o que se passa em Espanha, em Portugal e na Europa em geral.
    O crescimento infinito é um exercício matemático.

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